Para além da precariedade
cenas e cenários do trabalho e da natureza nos canaviais paulistas
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https://doi.org/10.20336/rbs.1130Palavras-chave:
trabalho rural, trabalho e precarização, trabalho rural e meio ambiente, trabalho canavieiroResumo
Este artigo analisa as articulações entre trabalho e natureza nos canaviais paulistas, a partir das experiências de mulheres migrantes que vivenciaram condições extremas de precariedade laboral. A investigação tem como base entrevistas, registros visuais e dados qualitativos recentes sobre o setor sucroalcooleiro. Articula os referenciais de Raymond Williams (estrutura de sentimentos e ideias sobre a natureza), Edward Thompson (classe e experiência) e Judith Butler (precariedade). Argumenta-se que os testemunhos das trabalhadoras revelam não apenas condições de exploração, mas também formas emergentes de resistência, solidariedade e elaboração simbólica do sofrimento. Por meio da análise de suas vivências, afetos e formas de resistência cotidiana, o artigo conclui que, no contexto do trabalho nos canaviais paulistas, a precariedade alcança um estatuto de dispositivo – isto é, um conjunto heterogêneo de práticas, discursos, normas, saberes e técnicas que organizam formas de poder. Neste exercício, a natureza e o corpo aparecem como territórios em disputa, atravessados por práticas de dominação, mas também por gestos de insurgência, revelando as contradições da modernização conservadora promovida pelo agronegócio canavieiro.
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