Gradiente de problematizações
uma proposta para o estudo das crises e fragilidades da vida social
Visualizações: 0DOI:
https://doi.org/10.20336/rbs.1086Palavras-chave:
crise, crítica, problematizaçãoResumo
A palavra “crise” é parte do vocabulário do mundo contemporâneo e está no centro de uma literatura em crescimento nas ciências sociais, acompanhada por vezes da correlata “crítica”. O binômio crise e crítica aponta uma tensão entre, por um lado, o uso da “crise” como dispositivo discursivo que justifica intervenções de grupos poderosos, reforçando padrões de desigualdade e hierarquias, e, por outro lado, como ferramenta analítica para descrever e “criticar” aspectos objetivos da realidade histórica. Ademais, a crise ora aparece como descritor de eventos de larga escala (crises econômicas, políticas e das instituições), ora atada a eventos de cunho mais íntimo (crises existenciais, de meia idade ou de saúde), ora como ocasião para a crítica sociológica, ora como objeto dessa crítica. Neste artigo, discuto e delimito o conceito de crise em uma sociologia dos problemas e das problematizações. Para esse fim, aposto na vida cotidiana como lugar concreto do encadeamento entre aspectos macro e micro, objetivos e subjetivos das crises, em um gradiente de problematizações. Por fim, argumento em favor da sociologia como exercício crítico de tradução imaginativa.
Downloads
Referências
Bellacasa, Maria P. de la. (2011). Matters of care in technoscience: Assembling neglected things. Social studies of science, 41(1), 85-106.
Berger, Peter L., & Luckmann, Thomas. (1991). The social construction of reality: A treatise in the sociology of knowledge. Penguin.
Boltanski, Luc, & Thévenot, Laurent. (2006). On justification: economies of worth. Princeton University Press.
Bryant, Rebecca. (2016). On critical times: return, repetition, and the uncanny present. History and Anthropology, 27(1), 19-31.
Cefaï, Daniel. (2017). Públicos, problemas públicos, arenas públicas…: o que nos ensina o pragmatismo (Parte 1). Novos estudos CEBRAP, 36(1) 187-213.
Cordero, Rodrigo. (2017). Crisis and Critique: on the fragile foundations of social life. Routledge.
Corrêa, Diogo S., & Dias, Rodrigo de C. (2016). A crítica e os momentos críticos: De la justification e a guinada pragmática na sociologia francesa. Mana, 22(1), 67-99.
Das, Veena. (2007). Life and words: Violence and the descent into the ordinary. University of California Press.
Duarte, Luiz Fernando D. (1998). Investigação antropológica sobre doença, sofrimento e perturbação: uma introdução. In L.F.D. Duarte, & O.F. Leal (orgs.) Doença, sofrimento, perturbação: perspectivas etnográficas (pp. 9-27). Fiocruz.
Fassin, Didier. (2021). Crisis. In Veena Das e Didier Fassin (eds.) Words and worlds: a lexicon for dark times (pp. 261-276). Durham e Londres: Duke University Press.
Fassin, Didier (2022). Crisis as experience and politics. Global Discourse,12(3-4), 460-464.
Foucault, Michel. (1984a). On the genealogy of ethics: An overview of work in progress. In P. Rabinow (ed.) The Foucault reader (pp. 340-372). Pantheon Books.
Foucault, Michel. (1984b) História da sexualidade 2: o uso dos prazeres. Edições Graal.
Foucault, Michel. (1984c) Polemics, politics, and problemizations. In P. Rabinow (ed.) The Foucault reader (pp. 381-390). Pantheon Books.
Foucault, Michel. (2006). Psychiatric power: Lectures at the Collège de France, 1973-74. Palgrave Macmillan.
Garfinkel, Harold. (1964). Studies of the routine grounds of everyday activities. Social problems, 11(3), 225-250.
Giddens, Anthony. (2002). Modernidade e identidade. Tradução: Plínio Dentzien. Jorge Zahar Editor.
Gilson, Erinn C. (2014). Ethics and the ontology of freedom: problematization and responsiveness in Foucault and Deleuze. Foucault Studies, (17), 76-98.
Habermas, Jürgen. (1988). Legitimation crisis. Polity Press.
Jessop, Bob. (2012). Narratives of crisis and crisis response: Perspectives from North and South. In P. Utting, S. Razavi, & R.V. Buchholz (eds.) The Global crisis and transformative social change (pp. 23-42). Palgrave Macmillan.
Koselleck, Reinhart. (1999). Crítica e crise: uma contribuição à patogênese do mundo burguês. EDUERJ – Contraponto.
Koselleck, Reinhart. (2006). Crisis. Journal of the History of Ideas, 67(2), 357-400.
Latour, Bruno, & Callon, Michel. (1981). Unscrewing the Big Leviathan: how actors macro-structure reality and how sociologists help them to do so. In K. Knorr-Cetina & A.V. Cicourel (eds.) Advances in social theory and methodology: Toward an integration of micro- and macro-sociologies (pp. 277-303). Routledge e Kegan Paul.
Latour, Bruno. (2004a). Why has critique run out of steam? From matters of fact to matters of concern. Critical inquiry, 30(2), 225-248.
Latour, Bruno. (2004b). Whose cosmos, which cosmopolitics? Comments on the peace terms of Ulrich Beck. Common knowledge, 10(3), 450-462.
Latour, Bruno. (2005). Reassembling the social: An introduction to actor-network theory. Oxford University Press.
Latour, Bruno. (2020). Diante de Gaia. Ateliê de Humanidades/Ubu Editora.
Lenoir, Remi. (1998). Objeto sociológico e problema social. In P. Champagne, R. Lenoir, D. Merllié, & L. Pinto (orgs.) Iniciação à prática sociológica (pp. 59-106). Editora Vozes.
Maia, Felipe. (2021). Crise, crítica e reflexividade: problemas conceituais e teóricos na produção de diagnósticos de época. Sociologias, 23(56), 212-243.
Marpin. Ábia. (2020) Repertórios de negritude: racismo, música e teoria racial. [Tese de doutoramento, Instituto de Estudos Sociais e Políticos]. Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Mills, Charles Wright. (2000). The Sociological imagination. Oxford University Press.
Roitman, Janet. (2014) Anti-Crisis. Duke University Press.
Soneghet, Lucas F. (2022). A normalidade crítica do cotidiano diante do adoecimento e da morte. Anuário antropológico, 47(2), 205-222.
Vigh, Henrik. (2008). Crisis and chronicity: Anthropological perspectives on continuous conflict and decline. Ethnos, 73(1), 5-24.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Lucas Faial Soneghet

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).