Reconhecimento social e seu contrário no Brasil / Social recognition and its opposed in Brazil

Visualizações: 488

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.20336/rbs.569

Resumen

O artigo discute o uso que Roberto Schwarz e Maria Sylvia de Carvalho Franco fazem do conceito de reconhecimento. Desse modo, busca mostrar que reconhecimento é, ao mesmo tempo, um princípio normativo e revelador de uma subordinação a práticas arbitrárias nos textos de ambos sobre a sociedade brasileira. Assim, a ordem do favor e a rede de relações de dominação pessoal que Schwarz e Franco, respectivamente, descrevem podem ser vistas como formas derivadas da subordinação do reconhecimento às necessidades práticas das camadas dominantes. Com isso, ao identificar uma “dissonância vexatória” entre o que intenciona uma norma de reconhecimento recíproco e o que intencionam as práticas concretas de reconhecimento, Schwarz e Franco mostram ser possível denunciar criticamente a transformação de um princípio legítimo de organização da vida social em um mecanismo de reprodução de hierarquias.

Palavras-chave: reconhecimento, favor, dominação pessoal.

***

This paper presents the concept of recognition, as used by Roberto Schwarz and Maria Sylvia de Carvalho Franco. It tries to show that recognition is, at once, both a normative principle and a concept that reveals how everyday practices were subordinated by arbitrariness in Brazil. Accordingly, the relations of favor and personal domination, which Schwarz and Franco respectively describe, could be taken as consequences of practical necessities of the dominant classes. So, in identifying a “shaming dissonance” between what the norm of recognition implies and what it becomes within Brazilian society, both authors are able to show that is possible to critically denounce the inversion of a legitimate principle of social life’s organization into a mechanism of reproduction of social hierarchies.

Keywords: recognition, favor, personal domination.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Luiz Gustavo da Cunha de Souza, Universidade Federal de Santa Catarina

Professor no Departamento de Sociologia Política, da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.

Citas

Arruda, Maria Arminda do N. (2004). Pensamento brasileiro e sociologia da cultura. Questões de interpretação. Tempo social, 16(1), 107-118.

Bordignon, Rodrigo da R. (2016). As origens e o significado do regime republicano: interpretações em disputa. Anos 90, 23(43), 235-266.

Botelho, André (2013). Teoria e história na sociologia brasileira. A crítica de Maria Sylvia de Carvalho Franco. Lua Nova, 90, 331-366.

Carone, Modesto (2007). Complexo, moderno, nacional e negativo. Sobre o ensaio de mesmo nome de Roberto Schwarz. In Maria Elisa Cevasco & Milton Ohata (orgs.), Um crítico na periferia do capitalismo: reflexões sobre a obra de Roberto Schwarz (pp. 108-116). São Paulo: Cia das Letras.

Fausto, Ruy (2017). Caminhos da esquerda. Elementos para uma reconstrução. São Paulo: Companhia das letras.

Franco, Maria Sylvia de Carvalho (1976). As idéias estão no lugar. Cadernos de debate, 1, 61-64.

Franco, Maria Sylvia de Carvalho (1997). Homens livres na ordem escravocrata. São Paulo: Editora Unesp.

Fraser, Nancy (1997). From redistribution to recognition. Dilemmas of justice in a “Postsocialist age”. In Nancy Fraser, Justice interruptus. Critical reflections on the “Postsocialist” condition (pp. 11-40). New York and London: Routledge.

Helayel, Karim & Brasil Jr., Antônio (2019). Roberto Schwarz e a sociologia paulista dos anos 1960. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, 74, 97-118.

Honneth, Axel (2011). Das Recht der Freiheit. Grundriß einer demokratischen Sittlichkeit. Berlin: Surhkamp.

Honneth, Axel (2018). Anerkennung. Eine europäische Ideengeschihte. Berlin: Suhrkamp.

Kauppinen, Antti (2002). Reason, recognition, and internal critique. Inquiry, 45(4), 479-498.

Lukàcs, Georg (1981). Nota sobre o romance. In José Paulo Netto (org.). Lukács. Sociologia (pp 177-188). São Paulo: Ática.

Maciel, Fabrício (2017). Reconhecimento e desigualdade: da ética da autenticidade à cultura do novo capitalismo. Ciências Sociais Unisinos, 53(2), 281-291.

Mattos, Patrícia Castro (2006). A sociologia política do reconhecimento. As contribuições de Charles Taylor, Axel Honneth e Nancy Fraser. São Paulo: Annablume.

Moutinho, Laura, Aguião, Silvia & Neves, Paulo Sérgio Costa. (2018). A construção política das interfaces entre (homos)sexualidade, raça e aids nos programas nacionais de direitos humanos. Ponto Urbe [online], 23. https://journals.openedition.org/pontourbe/5534

Neves, Paulo Sérgio Costa (2007). Reconhecimento e desprezo social ou os dilemas da democracia no Brasil contemporâneo: algumas considerações à luz da questão racial. Política & sociedade, 11, 117-132.

Neves, Paulo Sérgio Costa (2018). Reconhecimento ou redistribuição: o que o debate entre Honneth e Fraser diz das lutas sociais e vice-versa. Política & Sociedade, 17(40), 234-257.

Oliveira, Francisco de (2018). Brasil. Uma biografia não autorizada. São Paulo: Boitempo.

Paiva, Angela Randolpho (2018). Teorias do reconhecimento e sua validade heurística para a análise da cidadania e dos movimentos sociais no Brasil – o caso do movimento negro. Política & Sociedade, 17(40), 258-285.

Pinto, Céli Regina Jardim (2008). Nota sobre a controvérsia Fraser-Honneth informada pelo cenário brasileiro. Lua nova, 74, 35-58. doi: 10.1590/S0102-64452008000200003

Reis, Elisa P. (2000). Percepções da elite sobre pobreza e desigualdade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 15(42), 143-152.

Ricupero, Bernardo (2013). As ideias e seu lugar. Sociologia & Antropologia, 3(6), 525-556.

Rosenfield, Cinara, Mello, Luciana Garcia de & Corrêa, Andressa S. (2015). Reconstrução normativa em Axel Honneth e os múltiplos justos no mercado de trabalho. Civitas, 15(4), 664-85.

Rosenfield, Cinara & Pauli, Jandir (2012). Para além da dicotomia entre trabalho decente e trabalho digno: reconhecimento e direitos humanos. Caderno CRH, 25(65), 319-329.

Sales, Teresa (1994). Raízes da desigualdade na cultura política brasileira. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 9(25). http://www.anpocs.com/images/stories/RBCS/25/rbcs25_02.pdf

Schwarz, Roberto (1987). Complexo, moderno, nacional e negativo. In Roberto Schwarz, Que horas são? (pp. 115-126). São Paulo: Companhia das letras.

Schwarz, Roberto (2000). Ao vencedor as batatas. São Paulo: Duas cidades/Editora 34.

Schwarz, Roberto (2012). Por que “Ideias fora do lugar”? In Roberto Schwarz. Martinha versus Lucrécia. Ensaios e entrevistas. São Paulo: Cia das Letras.

Schwarz, Roberto (2019). Seja como for. Entrevistas, retratos e documentos. São Paulo: Duas cidades, Editora 34.

Silva, Josué Pereira da (2019). Sociologia crítica e a crise da esquerda. São Paulo: Intermeios.

Sobottka, Emil (2015). Reconhecimento. Novas abordagens em Teoria Crítica. São Paulo: Annablume.

Souza, Jessé (2003). A construção social da subcidadania. Para uma sociologia política da modernidade periférica. Belo Horizonte/Rio de Janeiro: Editora da UFMG/IUPERJ.

Souza, Luiz Gustavo da Cunha de (2019). Usos do reconhecimento em Roberto Schwarz: tentativa de uma aproximação. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 74, 147-161.

Taylor, Charles (1994). The politics of recognition. In Amy Gutmann (ed.). Multiculturalism: examining the politics of recognition (pp. 25-73). Princeton: Princeton University press.

Telles, Vera da Silva (2000). Pobreza e desigualdade. São Paulo, Editora 34.

Publicado

12-10-2020

Cómo citar

da Cunha de Souza, L. G. (2020). Reconhecimento social e seu contrário no Brasil / Social recognition and its opposed in Brazil. Revista Brasileña De Sociología, 9(21), 132–154. https://doi.org/10.20336/rbs.569