A Destruição dos clássicos da sociologia
democratização ou homogeneização?
Visualizações: 306DOI:
https://doi.org/10.20336/rbs.1057Palavras-chave:
teoria sociológica, história da sociologia, clássicos da sociologiaResumo
A denúncia da seletividade político-epistêmica representada pelos clássicos da sociologia (Marx/Durkheim/Weber) tornou-se hoje um tópico recorrente da teoria sociológica contemporânea. Reagindo a esse novo consenso ortodoxo, o objetivo deste texto é interpelar, de forma crítica, aspectos da discussão internacional e brasileira que questionam um suposto cânon da sociologia. Após caracterizar, a partir da distinção entre história e sistemática, os principais modelos de crítica dos clássicos na pesquisa brasileira, identificam-se determinados problemas teóricos presentes na discussão. Em primeiro lugar, aponta-se que os parâmetros históricos utilizados são unidimensionais, e em segundo lugar, que os pressupostos epistemológicos da crítica aos clássicos tendem a conduzir a sociologia a uma inadvertida homogeneização paradigmática. Frente ao colapso da dimensão histórica da sociologia como zona de negociação teórica, a terceira parte delineia breves pistas para repensar o caráter sistemático da teoria sociológica, seja por via de uma pesquisa histórica instruída pela sistemática, seja pelo retorno a uma sociologia geral.
Downloads
Referências
Alatas, Syed Farid, & Sinha, Vineeta. (2017). Sociological theory beyond the canon. Springer. DOI: https://doi.org/10.1057/978-1-137-41134-1
Alcântara, Fernanda H. C. (2022). O nascimento da observação social sistemática com Harriet Martineau. Teoria e Cultura, 17 (1), 176-190. https://doi.org/10.34019/2318-101X.2022.v17.35645 DOI: https://doi.org/10.34019/2318-101X.2022.v17.35645
Alexander, Jeffrey. (1990). A importância dos clássicos. In Anthony Giddens (org.). Teoria social hoje (pp. 23-90). Unesp.
Aron, Raymond. (1967). Les étapes de la pensée sociologique. Gallimard.
Ateliê de Humanidades. (2024). Seminário Nacional Crise e Metamorfoses da Sociologia - Mesa de encerramento. Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=11C-a7e0u5w&list=PLu2NbXklC78Blp51Z9MSJQVbLo5z-oj9i. Acesso em: 09 set. 2024.
Baehr, Peter. (2017). Founders, classics, canons: Modern disputes over the origins and appraisal of sociology's heritage. Routledge. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203791615
Bhambra, Gurminder K., & Holmwood, John. (2021). Colonialism and modern social theory. John Wiley & Sons.
Bourdieu, Pierre. (2021). Sociologia geral vol. 1: Lutas de classificação - Curso no Collège de France (1981-1982). Vozes.
Caillé, Alain, & Vandenberghe, Frédéric. (2021). Por uma nova sociologia clássica: reunindo teoria social, filosofia moral e os studies. Editora Vozes.
Castro, Celso. (2022). Além do cânone: para ampliar e diversificar as ciências sociais. Editora FGV.
Collins, Randall. (1997). A sociological guilt trip: Comment on Connell. American Journal of Sociology, 102(6), 1558-1564. DOI: https://doi.org/10.1086/231126
Connell, Raewyn. (2020). Southern theory: The global dynamics of knowledge in social science. Londres: Routledge. DOI: https://doi.org/10.4324/9781003117346
Connell, Robert William. (1997). Why is classical theory classical?. American Journal of Sociology, 102(6), 1511-1557. DOI: https://doi.org/10.1086/231125
Esser, Hartmut. (1999). Soziologie: allgemeine Grundlagen. Band 1: Situationslogik und handeln. Campus Verlag.
Esser, Hartmut. (2000a). Soziologie. Spezielle Grundlagen. Band 2: Die Konstruktion der Gesellschaft. Frankfurt am Main: Campus Verlag.
Esser, Hartmut. (2000b). Soziologie: spezielle Grundlagen. Band 3: Soziales Handeln. Campus Verlag.
Esser, Hartmut. (2000c). Soziologie: spezielle Grundlagen. Band 4: Opportunitäten und Restriktionen. Campus Verlag.
Esser, Hartmut. (2000d). Soziologie: allgemeine Grundlagen. Band 5: Institutionen. Campus Verlag.
Esser, Hartmut. (2001). Soziologie: spezielle Grundlagen. Band 6: Sinn und Kultur. Campus Verlag.
Fernandes, Florestan. (1970). Fundamentos empíricos da explicação sociológica. Cia. Editora Nacional.
Giddens, Anthony. (1971). Capitalism and modern social theory: An analysis of the writings of Marx, Durkheim and Max Weber. Cambridge University Press. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511803109
Go, Julian. (2016). Postcolonial thought and social theory. Oxford University Press. DOI: https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780190625139.001.0001
Guzman, Cinthya et al. (2023). Toward a historical sociology of canonization: Comparing the development of sociological theory in the English-, German-, and French-language contexts since the 1950s. European Journal of Sociology/Archives Européennes de Sociologie, 64(2), 259-302. https://doi.org/10.1017/S0003975623000309 DOI: https://doi.org/10.1017/S0003975623000309
Hamlin, Cynthia L., Weiss, Raquel A. & Brito, Simone M. (2022). Por uma sociologia polifônica: introduzindo vozes femininas no cânone sociológico. Sociologias, 24(61), 26-59. https://doi.org/10.1590/18070337-125407-PT DOI: https://doi.org/10.1590/18070337-125407-PT
Heidegger, Martin. (2021). Ser e tempo. Trad. de Fausto Castilho. Editora da Unicamp e Vozes.
How, Alan R. (2016). Restoring the classic in sociology: Traditions, texts and the canon. Springer. DOI: https://doi.org/10.1057/978-1-349-58348-5
Lyotard, Jean-François. (1998). A condição pós-moderna. J. Olympio.
Maia, João Marcelo Ehlert. (2009). Pensamento brasileiro e teoria social: notas para uma agenda de pesquisa. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 24 (71), 155-168. https://doi.org/10.1590/S0102-69092009000300011 DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-69092009000300011
Maia, João Marcelo Ehlert. (2012). Reputações à brasileira: o caso de Guerreiro Ramos. Sociologia & Antropologia, 2(4), 265-291. https://doi.org/10.1590/2238-38752012v2412 DOI: https://doi.org/10.1590/2238-38752012v2412
Maia, João Marcelo Ehlert. (2013). Além da pós-colonialidade: a sociologia periférica e a crítica ao eurocentrismo. Cadernos de Estudos Culturais, 5, 103-116.
Maia, João Marcelo Ehlert. (2015). A sociologia periférica de Guerreiro Ramos. Cadernos CRH, 28(73), 47-58. https://doi.org/10.1590/S0103-49792015000100004 DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-49792015000100004
Maia, João Marcelo Ehlert. (2017). História da sociologia como campo de pesquisa e algumas tendências recentes do pensamento social brasileiro. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 24(1), 111-128. https://doi.org/10.1590/S0104-59702017000100003 DOI: https://doi.org/10.1590/s0104-59702017000100003
Maia, João Marcelo Ehlert. (2019). Costa Pinto em dois tempos: os efeitos periféricos na circulação de ideias. Tempo Social, 31(2), 173-198. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2019.148331 DOI: https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2019.148331
Maia, João Marcelo Ehlert. (2023). Ensinando a partir do Sul: novos diálogos entre a História da Sociologia e a Teoria Sociológica. Revista Brasileira de Sociologia, 11(27), 5-22. https://doi.org/10.20336/rbs.916 DOI: https://doi.org/10.20336/rbs.916
Mannheim, Karl. (1971). Ideology and utopia. Harcourt Brace Jovanovich.
Mouzelis, Nicos. (1997). In defence of the sociological canon: a reply to David Parker. The Sociological Review, 45(2), 244-253. https://doi.org/10.1111/1467-954X.00063 DOI: https://doi.org/10.1111/1467-954X.00063
Neiman, Susan. (2023). Left is not Woke. John Wiley & Sons.
Oliveira, Nuno. (2024). Canónicos, anticanónicos, e nenhum cânone em absoluto: ir “para além do cânone” ou escrutinar as opções anticanónicas? Sociologia, Problemas e Práticas, (105), 141-158. http://journals.openedition.org/spp/14486 DOI: https://doi.org/10.7458/SPP202410532740
Parsons, Talcott. (2010). A estrutura da ação social (2 vols.). Vozes.
Peter, Lothar. (2015). Warum und wie betreibt man Geschichte der Soziologie? In Christian Dayé & Stephan Moebius (orgs.). Soziologiegeschichte: Wege und Ziele (pp. 112-148). Suhrkamp.
Schluchter, Wolfgang. (2015). Grundlegungen der Soziologie: eine Theoriegeschichte in systematischer Absicht. Mohr Siebeck. DOI: https://doi.org/10.36198/9783838542638
Schneickert, Christian et al. (2019). The sociological canon, relations between theories and methods, and a latent political structure: Findings from a survey of sociology students in Germany and consequences for teaching. Teaching Sociology, 47(4), 339-349. https://doi.org/10.1177/0092055X19865301 DOI: https://doi.org/10.1177/0092055X19865301
Silver, Daniel, Guzman, Cinthya, Parker, Sébastien, & Döpkping, Lars. (2022). The rhetoric of the canon: Functional, historicist, and humanist justifications. The American Sociologist, 53(3), 287-313. DOI: https://doi.org/10.1007/s12108-022-09529-0
Simmel, Georg. (2006). Questões fundamentais da sociologia. Zahar.
Sorokin, Pitirim Aleksandrovich. (1928). Contemporary sociological theories. Harper & Brothers.
Steinmetz, George (ed.). (2013). Sociology and empire: the imperial entanglements of a discipline. Duke University Press. DOI: https://doi.org/10.1215/9780822395409
Susen, Simon. (2015). The postmodern turn in the social sciences. Palgrave Macmillan. DOI: https://doi.org/10.1057/9781137318237
Susen, Simon. (2020). Sociology in the Twenty-First Century. Springer International Publishing. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-030-38424-1
Turner, Jonathan H. (2010a). Theoretical Principles of Sociology, Volume 1: Microdynamics. Springer Science & Business Media.
Turner, Jonathan H. (2010b). Theoretical Principles of Sociology, Volume 2: Microdynamics. Springer Science & Business Media.
Turner, Jonathan H. (2012). Theoretical principles of sociology, Volume 3: Mesodynamics. Springer Science & Business Media. DOI: https://doi.org/10.1007/978-1-4419-6221-8
Turner, Jonathan H. (2013). Theoretical sociology: 1830 to the present. Sage. DOI: https://doi.org/10.4135/9781071978030
Vandenberghe, Frédéric. (2009). Prefácio à edição brasileira: Metateoria, teoria social, teoria sociológica. In Uma história filosófica da sociologia alemã (pp. 1-37). Annablume.
Vandenberghe, Frédéric, & Fuchs, Stephan. (2019). On the coming end of Sociology. Canadian Review of Sociology-Revue Canadienne de Sociologie, 56(1), 138-143. DOI: https://doi.org/10.1111/cars.12238
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Carlos Eduardo Sell

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).