Michel Maffesoli e as assimetrias na circulação internacional de intelectuais
Visualizações: 44DOI:
https://doi.org/10.20336/rbs.1121Palavras-chave:
Michel Maffesoli, circulação de ideias, alodoxia, circulação internacional de intelectuais, sociologia da recepçãoResumo
O artigo analisa o caso de Michel Maffesoli como um exemplo paradigmático das assimetrias na circulação internacional de intelectuais, enfatizando os efeitos de refração simbólica entre os campos acadêmicos francês e brasileiro. Apesar da marginalidade epistêmica de Maffesoli na sociologia francesa, ele adquiriu reconhecimento institucional no Brasil, onde sua obra foi amplamente traduzida, divulgada e financiada por agências públicas. A pesquisa evidencia como essa valorização se baseia não apenas na adesão ao conteúdo teórico e mais em dinâmicas de aclimatação simbólica: redes de sociabilidade, pragmatismo institucional e mecanismos de legitimação deslocados. Ao analisar a posição periférica do campo acadêmico brasileiro e sua busca por internacionalização, o artigo revela como determinadas figuras periféricas nos centros de produção podem ser convertidas em autoridades simbólicas na periferia, gerando inversões hierárquicas e deslocamentos nos critérios de reconhecimento. Com isso, propõe-se uma reflexão sobre os limites das sociologias da recepção e da circulação internacional que ignoram as estruturas específicas dos campos nacionais e suas hierarquias internas. O caso Maffesoli ilustra como processos ativos de consagração e reconhecimento operam em campos assimetricamente posicionados no espaço global do saber.
Downloads
Referências
ABES, Agence Bibliographique de l’Enseignement Supérieur. (2025). Système Universitaire de Documentation. Theses.fr, Disponível em: https://theses.fr/?domaine=theses
ABES, Agence Bibliographique de l’Enseignement Supérieur. (2024). Thèses soutenues en France depuis 1985. Última atualização em 8 jan. 2024. Disponível em: https://www.data.gouv.fr/fr/datasets/theses-soutenues-en-france-depuis-1985/
Bourdieu, Pierre. (2015). Sociologie générale (v. 1). Raisons d’agir-Seuil.
Bourdieu, Pierre. (2002). Les conditions sociales de la circulation internationale des idées. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 145(1), 3-8. https://doi.org/10.3406/arss.2002.2793 DOI: https://doi.org/10.3406/arss.2002.2793
Bourdieu, Pierre. (2001). Science de la science et réflexivité : cours du Collège de France, 2000-2001. Raisons d’agir.
Bourdieu, Pierre. (1976). Le champ scientifique. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 2(2), 88-104. https://doi.org/10.3406/arss.1976.3454 DOI: https://doi.org/10.3406/arss.1976.3454
Bourdieu, Pierre, Bourdieu, Jérôme, & Poupeau, Franck. (2022). Microcosmes : théorie des champs. Raisons d’agir.
Buchholz, Larissa. (2022). The global rules of art: the emergence and divisions of a cultural world economy. Princeton University Press. DOI: https://doi.org/10.23943/princeton/9780691245447.001.0001
Buchholz, Larissa. (2018). Rethinking the center-periphery model: Dimensions and temporalities of macro-structure in a global field of cultural production. Poetics, 71, 18-32. https://doi.org/10.1016/j.poetic.2018.08.003 DOI: https://doi.org/10.1016/j.poetic.2018.08.003
Cambará, Isa. (1982, 23 maio). No Brasil, o sociólogo Jean Baudrillard. Folha de São Paulo, p. 66.
Devinat, François. (1995, 8 set.). Le Grand Orient se déchire pour son grand maître. Libération. Disponível em: https://www.liberation.fr/france-archive/1995/09/08/le-grand-orient-se-dechire-pour-son-grand-maitre_144704/
Diário de Pernambuco. (1972, 15 dez.). O escritor maior que na pintura está mostrando seu extraordinário talento. p. 7.
Diário de Pernambuco. (1974, 1 maio). Roger Bastide. Disponível em: https://memoria.bn.gov.br/DocReader/docreader.aspx?bib=029033_15&pasta=ano%20197&pesq=Roger%20Basride&pagfis=55750
Diário de Pernambuco. (1975, 2 set.). Joaquim Nabuco tem centro para pesquisar assuntos no campo da imaginação. p. 8.
Faujas, Alain. (1995, 8 set.). Christian Hervé remplace Patrick Kessel à la tête du Grand Orient de France. Le Monde. Disponível em: https://www.lemonde.fr/archives/article/1995/09/08/christian-herve-remplace-patrick-kessel-a-la-tete-du-grand-orient-de-france_3856964_1819218.html
Fray, Pierre, & Lebaron, Frédéric. (2022). L’anglais, langue de la science et instrument de domination symbolique. Le cas des sciences économiques. Savoir/Agir, 61-62(2), 89-109. https://doi.org/10.3917/sava.061.0090 DOI: https://doi.org/10.3917/sava.061.0090
Freyre, Gilberto. (1985, 7 jul.). Resposta a um entusiasta do milho. O Estado de S. Paulo, p. 21.
Gingras, Yves, & Bertin, Marc. (2015, 26 jun.). La position de la revue Sociétés dans l’espace discursif de la sociologie française. Zilsel. Disponível em: https://zilsel.hypotheses.org/2133
Go, Julian. (2024). Perspectives sur les champs extra-nationaux [Tradução de Emma Fromont]. Actes de la recherche en sciences sociales, 253-254(3-4), 112-119. https://doi.org/10.3917/arss.253.0112 DOI: https://doi.org/10.3917/arss.253.0112
Lillo Cea, Pablo A. (2024). The world-class ordination: A field theory approach to the study of global university rankings. Tese [Doutorado em Sociologia da Educação], Universidade de Uppsala, Suécia. Disponível em: https://urn.kb.se/resolve?urn=urn:nbn:se:uu:diva-521972
Maffesoli, Michel. (2025). Apologie : une autobiographie intellectuelle. Les Éditions du Cerf, 2025.
Maffesoli, Michel. (1978). La dynamique sociale : la société conflictuelle. Pour une anthropologie politique. Thèse d’Etat Lettres.
Maffesoli, Michel. (1973). L’enracinement dynamique : l’histoire comme un fait social total. Tese [Doutorado em Sociologia], Universidade Pierre Mendès - Grenoble 2, França.
Motta, Roberto M. C. (2015). Roberto Mauro Cortez Motta [Entrevista a Dirceu Salviano Marques Marroquim e Thais Blank]. FGV CPDOC. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/entrevistados/roberto-motta
Ortiz, Renato. (2008). A diversidade dos sotaques [1. ed.]. Brasiliense.
Ortiz, Renato, Michetti, Miqueli, & Netto, Michel N. (2023). Distinção e globalização. Fino Traço Editora.
Pagis, Julie. (2024). Le prophète rouge – Enquête sur la révolution, le charisme et la domination. La Decouverte.
Pezzuto Damaceno, Rafael J., & Mena-Chalco, Jesús P. (2022). A nationwide dataset of advisor-advisee relationships. Mendeley Data, 2. https://doi.org/10.1007/s11192-019-03023-0 DOI: https://doi.org/10.1007/s11192-019-03023-0
Quinon, Manuel. (2015, 25 maio). D’une polémique à l’autre... en passant par la compréhension. Petite note bio-méthodologique. Zilsel. Disponível em: https://zilsel.hypotheses.org/1979
Sapiro, Gisèle. (2023). L’américanisation des sciences humaines et sociales françaises ? Une cartographie des traductions de l’anglais, de l’allemand et de l’italien en français (2003-2013). Biens Symboliques / Symbolic Goods, (12). https://doi.org/10.4000/bssg.3049 DOI: https://doi.org/10.4000/bssg.3049
Sapiro, Gisèle. (2019). Repenser le concept d’autonomie pour la sociologie des biens symboliques. Biens Symboliques / Symbolic Goods, (4). https://doi.org/10.4000/bssg.327 DOI: https://doi.org/10.4000/bssg.327
Sapiro, Gisèle. (2013). Le champ est-il national ? La théorie de la différenciation sociale au prisme de l’histoire globale. Actes de la recherche en sciences sociales, 200(5), 70-85. https://doi.org/10.3917/arss.200.0070 DOI: https://doi.org/10.3917/arss.200.0070
Sapiro, Gisèle, Leperlier, Tristan, & Brahimi, Mohamed A. (2018). Qu’est-ce qu’un champ intellectuel transnational ? Actes de la recherche en sciences sociales, 224(4), 4-11. https://doi.org/10.3917/arss.224.0004 DOI: https://doi.org/10.3917/arss.224.0004
Sapiro, Gisèle, & Pacouret, J. (2015). La circulation des biens culturels : entre marchés, États et champs. In Johanna Simméant-Germanos (ed.). Guide de l’enquête globale en sciences sociales (Cap. 4, pp. 69-93). CNRS Éditions. DOI: https://doi.org/10.3917/cnrs.simea.2015.01.0069
Sapiro, Gisèle, Santoro, Marco, & Baert, Patrick (eds.) (2020). Ideas on the move in the social sciences and humanities: the international circulation of paradigms and theorists. Palgrave Macmillan. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-030-35024-6
Thenard, Jean-Michel. (1995, 9 set.). Les empoignades se poursuivent au Grand Orient de France. Libération. Disponível em: https://www.liberation.fr/france-archive/1995/09/09/les-empoignades-se-poursuivent-au-grand-orient-de-france_144592/
Topalov, Christian (ed.). (1999). Laboratoires du nouveau siècle : la nébuleuse réformatrice et ses réseaux en France 1880-1914. École des Hautes Études en Sciences Sociales.
Vauchez, Antoine. (2013). L’union par le droit. L’invention d’un programme institutionnel pour l’Europe. Presses de Sciences Po. DOI: https://doi.org/10.3917/scpo.vauch.2013.01
Wallerstein, Immanuel. (2011). The modern world-system I: Capitalist agriculture and the origins of the European world-economy in the Sixteenth Century. University of California Press. DOI: https://doi.org/10.1525/9780520948570
Zweig, Stefan. (2022). Brasil, um país do futuro (1. ed.). L&PM.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Eduardo Dimitrov, Lucas Page Pereira

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).






