Conexões globais desiguais
a gestão de veículos em fim de vida útil e os mercados de veículos e peças usados
Visualizações: 87DOI:
https://doi.org/10.20336/rbs.1024Palavras-chave:
veículos em fim de vida útil, economias informais, globalização, regulação estatalResumo
Veículos em fim de vida útil são recursos globais valiosos, disputados nos países produtores por leilões, desmontadores, recicladores e exportadores, que alimentam mercados de autopeças, reparação e revenda em países com regulações menos restritivas ou mais facilmente burláveis. Essas redes expandem e capilarizam o sistema de automobilidades às periferias do capitalismo global. Este artigo compara a regulação estatal para veículos em fim de vida útil e a conformação de circuitos econômicos transnacionais que a acompanha, em três contextos estudados pela equipe de uma pesquisa coletiva e transnacional sobre informalidades e ilegalidades nos mercados de veículos usados. Nos marcos dessa pesquisa, Marie Morelle e Sébastien Jacquot estudaram etnograficamente os mecânicos de rua em Saint-Denis, norte da Grande Paris, França; Corentin Cohen, Gabriel Feltran, John Oti Amoah e Deborah Fromm pesquisaram o comércio de autopeças na região de Abossey Okai, em Acra, Gana; e André de Pieri Pimentel estudou a desmontagem de veículos para venda de peças na Avenida Riacho, em São Paulo, Brasil. Argumentamos que suas dinâmicas desvelam fricções analíticas relevantes, levantando um debate sobre as geografias desiguais do desenvolvimento econômico, as políticas ambientais e a globalização.
Downloads
Referências
Alexander, Catherine, & Reno, Joshua O. (eds). (2012). Economies of Recycling: The global transformation of materials, values and social relations. Zed Books. DOI: https://doi.org/10.5040/9781350219823
Amoah, John O. (2024). “Home use cars” networks dynamics in Ghana: a relational ethnographic analysis. Cogent Social Sciences, 10(1). https://doi.org/10.1080/23311886.2023.2295250 DOI: https://doi.org/10.1080/23311886.2023.2295250
Anfavea. (2024). Anuário da indústria automobilística brasileira 2024. São Paulo.
Ayetor, G. K.; Quansah, David A., & Adjei, Eunice A. (2020). Towards zero vehicle emissions in Africa: a case study of Ghana. Energy Policy, 143, e111606. https://doi.org/10.1016/j.enpol.2020.111606 DOI: https://doi.org/10.1016/j.enpol.2020.111606
Appadurai, Arjun. (1986). The social life of things. Cambridge University Press. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511819582
Becker, Howard. (2009). Outsiders: Estudos em sociologia do desvio. Jorge Zahar Editor.
Beckert, Jens, & Dewey, Matias (org.). (2017). The architecture of illegal markets: towards an economic sociology of illegality in the economy. The Oxford University Press.
Berman, Marshall. (1986). Baudelaire: O modernismo nas ruas. In M. Berman, Tudo que é sólido desmancha no ar (pp. 127-166). Companhia das Letras.
Bize, Amiel. (2020). The right to the remainder: gleaning in the fuel economies of East Africa’s Northern corridor. Cultural Anthropology, 35(3), 462-486. https://doi.org/10.14506/ca35.3.05 DOI: https://doi.org/10.14506/ca35.3.05
Boltanski, Luc, & Thévenot, Laurent. (2006). On justification: economies of worth. The Oxford University Press. DOI: https://doi.org/10.1515/9781400827145
Brooks, Andrew. (2012). Riches from rags or persistent poverty? The working lives of second-hand clothing vendors in Maputo, Mozambique. Textile, 10(2), 222-237. https://doi.org/10.2752/175183512X13315695424239 DOI: https://doi.org/10.2752/175183512X13315695424239
Callon, Michel. (2021). Markets in the making: rethinking competition, goods and innovation. Zone Books. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctv1mjqvf7
Cefaï, Daniel. (2017). Públicos, problemas públicos, arenas públicas…. O que nos ensina o pragmatismo (Parte 2). Novos Estudos CEBRAP, 36(2), 129-142. https://doi.org/10.25091/S0101-3300201700020007 DOI: https://doi.org/10.25091/S0101-3300201700020007
Cepal. (1998). Cincuenta años de pensamiento en la CEPAL. Santiago: CEPAL
Cohen, Corentin. (2023). The global value chain of second-hand cars and scraps: an ethnographic account of on-the-ground practices, labour and regulations in Ghana. Tempo Social, 35(1), 67-86. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204354 DOI: https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204354
Crang, Mike et al. (2013). Rethinking governance and value in commodity chains through global recycling networks. Transactions of the Institute of British Geographers, 38 (1), 12–24. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1475-5661.2012.00515.x
Eude, Marie. (2019). L’économie circulaire, de la notion économique aux principes juridiques complexes. Droit et Ville, 87(1), 291-307. DOI: https://doi.org/10.3917/dv.087.0291
Featherstone, Mike, Thrift, Nigel, & Urry, John (ed.). (2005). Automobilities. Sage Publications. DOI: https://doi.org/10.4135/9781446212578
Feltran, Gabriel. (2018). Irmãos: uma história do P.C.C. Companhia das Letras.
Feltran, Gabriel. (2019). Economias (i)lícitas no Brasil: uma perspectiva etnográfica. Journal of Illicit Economies and Development, 1(2). https://doi.org/10.31389/jied.28 DOI: https://doi.org/10.31389/jied.28
Feltran, Gabriel. (ed.). (2022), Stolen cars: a journey through São Paulo’s urban conflict. Wiley. DOI: https://doi.org/10.1002/9781119686149
Feltran, Gabriel et al. (2023). Lei do Desmonte, PCC e mercados. Tempo Social, 35(1), 17-43. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204351 DOI: https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204351
Fórum Brasileiro de Segurança Pública. (2023). Anuário brasileiro de segurança pública 2023. São Paulo: FBSP.
Foucault, Michel. (1988). História da sexualidade I: a vontade de saber. Edições Graal.
Foucault, Michel. (2016). A sociedade punitiva: Curso no Collège de France (1972-1973). WMF Martins Fontes.
Garcia-Parpet, Marie F. (2003). A construção social de um mercado perfeito: o caso de Fontaines-en-sologne. Estudos Sociedade e Agricultura, 11(1), 5-44. https://revistaesa.com/ojs/index.php/esa/article/view/229
Giordano, Denis. (2016). Ethnographie du mécanicien de rue : une figure entre le formel et l’informel ?. In J.-A. Calderón et al. (org.). Aux marges du travail (pp. 93-103). Octares Editions.
Guyer, Jane I. (2004). Marginal gains: monetary transactions in Atlantic Africa. The University of Chicago Press.
Hecht, Gabrielle (ed). (2011). Entangled geographies: empire and technopolitics in the global Cold War. MIT Press. DOI: https://doi.org/10.7551/mitpress/9780262515788.001.0001
Hernández, Efrén S. (2022). Entre chácharas y ropa usada: proceso globalizador y comercio de fayuca en la frontera de Texas y los tianguis de Monterrey. Centro de Investigaciones y Estudios Superiores en Antropologia Social.
Hirata, Daniel V. (2022). Sobreviver na adversidade: mercado e formas de vida. EdUFSCar.
Inglis, David. (2005). Auto Couture: thinking the car post-war France. In M. Featherstone et al. (ed.), Automobilities (pp. 197-220). Sage Publications. DOI: https://doi.org/10.4135/9781446212578.n10
Jacquot, Sébastien, & Morelle, Marie. (2023). From the scrapyard to the ELV center: when the old car becomes a global resource. Tempo Social, 35(1), 87-107. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204352 DOI: https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204352
Jacquot, Sébastien, & Morelle, Marie. (2019). Mécanique de rue en banlieue parisienne : centralité populaire et migrations. In A. Fleury et al. (ed.), Le petit commerce dans la ville-monde (pp. 167-179). L’Oeil d’Or.
Knowles, Caroline. (2017). Nas trilhas de um chinelo: uma jornada pelas vias secundárias da globalização. Annablume.
Marcus, George E. (1995). Ethnography in/of the world system: the emergence of multi-sited ethnography. Annual Review of Anthropology, 24, 95-117. https://doi.org/10.1146/annurev.an.24.100195.000523 DOI: https://doi.org/10.1146/annurev.anthro.24.1.95
Miller, Daniel (ed.). (2001). Car cultures. Berg.
Motta, Luana, Maldonado, Janaina, & Alcântara, Juliana. (2022). Regulating an illegal market. In G. S. Feltran (ed.), Stolen cars: a journey through São Paulo’s urban conflict (pp. 147-164). Wiley. DOI: https://doi.org/10.1002/9781119686149.ch6
Pimentel, André. P. et al. (2023). A escassez dos semicondutores e as transformações recentes no mercado automotivo. Tempo Social, 35(1), 109-129. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204348 DOI: https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204348
Pimentel, André. P., Feltran, Gabriel, & Silva, Lucas A. F. (2022) Globalization and its backroads. In G. S. Feltran (ed.). Stolen cars: a Journey through São Paulo’s urban conflict (pp. 187-207). Londres: Wiley. DOI: https://doi.org/10.1002/9781119686149.ch8
Pimentel, André P., & Pereira, Luiz Gustavo S. (2022). Auctions and mechanisms. In G. S. Feltran (ed.). Stolen cars: a Journey through São Paulo’s urban conflict (pp. 104-126). Wiley. DOI: https://doi.org/10.1002/9781119686149.ch4
Pinheiro-Machado, Rosana. (2017). Counterfeit itineraries in the global south: the human consequences of piracy in China and Brazil. Routledge. DOI: https://doi.org/10.4324/9781315195797
Pinho, Isabela V., Zambon, Gregório, & Silva, Lucas A. F. (2022). Dismantling a stolen car. In G. S. Feltran (ed.), Stolen cars: a journey through São Paulo’s urban conflict (pp. 127-146). Wiley. DOI: https://doi.org/10.1002/9781119686149.ch5
Portes, Alejandro. (1997). Globalization from below: the rise of transnational communities. CMD Working Paper, 98(8).
Rabossi, Fernando. (2015). Tempo e movimento em um mercado de fronteira: Ciudad del Este, Paraguai. Sociologia & Antropologia, 5(2), 405-434. https://doi.org/10.1590/2238-38752015v523 DOI: https://doi.org/10.1590/2238-38752015v523
Rangel, Felipe. (2019). Problema e potência: o comércio popular entre a repressão e a empresarização. Journal of Illicit Economies and Development, 1(2). https://doi.org/10.31389/jied.33 DOI: https://doi.org/10.31389/jied.33
Robinson, Jennifer. (2006). Ordinary cities: between modernity and development. Routledge.
Santos, Milton. (2017). The shared space: the two circuits of the urban economy in underdeveloped countries. Routledge. DOI: https://doi.org/10.4324/9781315103105
Sassen, Saskia. (2007). A Sociology of globalization. W. W. Norton & Company.
Sindipeças. (2024). Relatório da frota circulante – edição 2024. Vira Página.
Tarrius, Alain. (2002). La mondialisation par le bas: les nouveaux nomades des économies souterraines. Balland.
Telles, Vera S. (2010). Nas dobras do legal e do ilegal: ilegalismos e jogos de poder nas tramas da cidade. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, 2(5-6), 97-126.
Telles, Vera S., & Cabanes, Robert (org.). (2006). Nas tramas da cidade: trajetórias urbanas e seus territórios. Associação Editorial Humanitas.
Tsing, Anna L. (2015). The mushroom at the end of the world: on the possibility of life in capitalist ruins. Princeton University Press. DOI: https://doi.org/10.1515/9781400873548
Tsing, Anna L. (2005). Friction: an ethnography of global connection. Princeton University Press. DOI: https://doi.org/10.1515/9780691263526
Urry, John. (2005). The “system” of automobility. In M. Featherstone et al. (ed.). Automobilities (pp. 25-40). Sage Publications. DOI: https://doi.org/10.4135/9781446212578.n2
Zelizer, Viviana. (1994). The social meaning of money. Basic Books.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 André de Pieri Pimentel, Gabriel Feltran

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).