Conexões globais desiguais

a gestão de veículos em fim de vida útil e os mercados de veículos e peças usados

Visualizações: 87

Autores

  • André de Pieri Pimentel Universidade Estadual de Campinas
  • Gabriel Feltran SciencesPo

DOI:

https://doi.org/10.20336/rbs.1024

Palavras-chave:

veículos em fim de vida útil, economias informais, globalização, regulação estatal

Resumo

Veículos em fim de vida útil são recursos globais valiosos, disputados nos países produtores por leilões, desmontadores, recicladores e exportadores, que alimentam mercados de autopeças, reparação e revenda em países com regulações menos restritivas ou mais facilmente burláveis. Essas redes expandem e capilarizam o sistema de automobilidades às periferias do capitalismo global. Este artigo compara a regulação estatal para veículos em fim de vida útil e a conformação de circuitos econômicos transnacionais que a acompanha, em três contextos estudados pela equipe de uma pesquisa coletiva e transnacional sobre informalidades e ilegalidades nos mercados de veículos usados. Nos marcos dessa pesquisa, Marie Morelle e Sébastien Jacquot estudaram etnograficamente os mecânicos de rua em Saint-Denis, norte da Grande Paris, França; Corentin Cohen, Gabriel Feltran, John Oti Amoah e Deborah Fromm pesquisaram o comércio de autopeças na região de Abossey Okai, em Acra, Gana; e André de Pieri Pimentel estudou a desmontagem de veículos para venda de peças na Avenida Riacho, em São Paulo, Brasil. Argumentamos que suas dinâmicas desvelam fricções analíticas relevantes, levantando um debate sobre as geografias desiguais do desenvolvimento econômico, as políticas ambientais e a globalização.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

André de Pieri Pimentel, Universidade Estadual de Campinas

Doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas. Pesquisador visitante na University of Maryland Baltimore County (Estados Unidos), com bolsa de Doutorado Sanduíche vinculada ao Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento, da CAPES

Gabriel Feltran, SciencesPo

Doutor em Ciências Sociais, Diretor de Pesquisa CNRS no Centro de Estudos Europeus e Política Comparada da Sciences Po (Paris, França)

Referências

Alexander, Catherine, & Reno, Joshua O. (eds). (2012). Economies of Recycling: The global transformation of materials, values and social relations. Zed Books. DOI: https://doi.org/10.5040/9781350219823

Amoah, John O. (2024). “Home use cars” networks dynamics in Ghana: a relational ethnographic analysis. Cogent Social Sciences, 10(1). https://doi.org/10.1080/23311886.2023.2295250 DOI: https://doi.org/10.1080/23311886.2023.2295250

Anfavea. (2024). Anuário da indústria automobilística brasileira 2024. São Paulo.

Ayetor, G. K.; Quansah, David A., & Adjei, Eunice A. (2020). Towards zero vehicle emissions in Africa: a case study of Ghana. Energy Policy, 143, e111606. https://doi.org/10.1016/j.enpol.2020.111606 DOI: https://doi.org/10.1016/j.enpol.2020.111606

Appadurai, Arjun. (1986). The social life of things. Cambridge University Press. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511819582

Becker, Howard. (2009). Outsiders: Estudos em sociologia do desvio. Jorge Zahar Editor.

Beckert, Jens, & Dewey, Matias (org.). (2017). The architecture of illegal markets: towards an economic sociology of illegality in the economy. The Oxford University Press.

Berman, Marshall. (1986). Baudelaire: O modernismo nas ruas. In M. Berman, Tudo que é sólido desmancha no ar (pp. 127-166). Companhia das Letras.

Bize, Amiel. (2020). The right to the remainder: gleaning in the fuel economies of East Africa’s Northern corridor. Cultural Anthropology, 35(3), 462-486. https://doi.org/10.14506/ca35.3.05 DOI: https://doi.org/10.14506/ca35.3.05

Boltanski, Luc, & Thévenot, Laurent. (2006). On justification: economies of worth. The Oxford University Press. DOI: https://doi.org/10.1515/9781400827145

Brooks, Andrew. (2012). Riches from rags or persistent poverty? The working lives of second-hand clothing vendors in Maputo, Mozambique. Textile, 10(2), 222-237. https://doi.org/10.2752/175183512X13315695424239 DOI: https://doi.org/10.2752/175183512X13315695424239

Callon, Michel. (2021). Markets in the making: rethinking competition, goods and innovation. Zone Books. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctv1mjqvf7

Cefaï, Daniel. (2017). Públicos, problemas públicos, arenas públicas…. O que nos ensina o pragmatismo (Parte 2). Novos Estudos CEBRAP, 36(2), 129-142. https://doi.org/10.25091/S0101-3300201700020007 DOI: https://doi.org/10.25091/S0101-3300201700020007

Cepal. (1998). Cincuenta años de pensamiento en la CEPAL. Santiago: CEPAL

Cohen, Corentin. (2023). The global value chain of second-hand cars and scraps: an ethnographic account of on-the-ground practices, labour and regulations in Ghana. Tempo Social, 35(1), 67-86. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204354 DOI: https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204354

Crang, Mike et al. (2013). Rethinking governance and value in commodity chains through global recycling networks. Transactions of the Institute of British Geographers, 38 (1), 12–24. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1475-5661.2012.00515.x

Eude, Marie. (2019). L’économie circulaire, de la notion économique aux principes juridiques complexes. Droit et Ville, 87(1), 291-307. DOI: https://doi.org/10.3917/dv.087.0291

Featherstone, Mike, Thrift, Nigel, & Urry, John (ed.). (2005). Automobilities. Sage Publications. DOI: https://doi.org/10.4135/9781446212578

Feltran, Gabriel. (2018). Irmãos: uma história do P.C.C. Companhia das Letras.

Feltran, Gabriel. (2019). Economias (i)lícitas no Brasil: uma perspectiva etnográfica. Journal of Illicit Economies and Development, 1(2). https://doi.org/10.31389/jied.28 DOI: https://doi.org/10.31389/jied.28

Feltran, Gabriel. (ed.). (2022), Stolen cars: a journey through São Paulo’s urban conflict. Wiley. DOI: https://doi.org/10.1002/9781119686149

Feltran, Gabriel et al. (2023). Lei do Desmonte, PCC e mercados. Tempo Social, 35(1), 17-43. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204351 DOI: https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204351

Fórum Brasileiro de Segurança Pública. (2023). Anuário brasileiro de segurança pública 2023. São Paulo: FBSP.

Foucault, Michel. (1988). História da sexualidade I: a vontade de saber. Edições Graal.

Foucault, Michel. (2016). A sociedade punitiva: Curso no Collège de France (1972-1973). WMF Martins Fontes.

Garcia-Parpet, Marie F. (2003). A construção social de um mercado perfeito: o caso de Fontaines-en-sologne. Estudos Sociedade e Agricultura, 11(1), 5-44. https://revistaesa.com/ojs/index.php/esa/article/view/229

Giordano, Denis. (2016). Ethnographie du mécanicien de rue : une figure entre le formel et l’informel ?. In J.-A. Calderón et al. (org.). Aux marges du travail (pp. 93-103). Octares Editions.

Guyer, Jane I. (2004). Marginal gains: monetary transactions in Atlantic Africa. The University of Chicago Press.

Hecht, Gabrielle (ed). (2011). Entangled geographies: empire and technopolitics in the global Cold War. MIT Press. DOI: https://doi.org/10.7551/mitpress/9780262515788.001.0001

Hernández, Efrén S. (2022). Entre chácharas y ropa usada: proceso globalizador y comercio de fayuca en la frontera de Texas y los tianguis de Monterrey. Centro de Investigaciones y Estudios Superiores en Antropologia Social.

Hirata, Daniel V. (2022). Sobreviver na adversidade: mercado e formas de vida. EdUFSCar.

Inglis, David. (2005). Auto Couture: thinking the car post-war France. In M. Featherstone et al. (ed.), Automobilities (pp. 197-220). Sage Publications. DOI: https://doi.org/10.4135/9781446212578.n10

Jacquot, Sébastien, & Morelle, Marie. (2023). From the scrapyard to the ELV center: when the old car becomes a global resource. Tempo Social, 35(1), 87-107. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204352 DOI: https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204352

Jacquot, Sébastien, & Morelle, Marie. (2019). Mécanique de rue en banlieue parisienne : centralité populaire et migrations. In A. Fleury et al. (ed.), Le petit commerce dans la ville-monde (pp. 167-179). L’Oeil d’Or.

Knowles, Caroline. (2017). Nas trilhas de um chinelo: uma jornada pelas vias secundárias da globalização. Annablume.

Marcus, George E. (1995). Ethnography in/of the world system: the emergence of multi-sited ethnography. Annual Review of Anthropology, 24, 95-117. https://doi.org/10.1146/annurev.an.24.100195.000523 DOI: https://doi.org/10.1146/annurev.anthro.24.1.95

Miller, Daniel (ed.). (2001). Car cultures. Berg.

Motta, Luana, Maldonado, Janaina, & Alcântara, Juliana. (2022). Regulating an illegal market. In G. S. Feltran (ed.), Stolen cars: a journey through São Paulo’s urban conflict (pp. 147-164). Wiley. DOI: https://doi.org/10.1002/9781119686149.ch6

Pimentel, André. P. et al. (2023). A escassez dos semicondutores e as transformações recentes no mercado automotivo. Tempo Social, 35(1), 109-129. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204348 DOI: https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204348

Pimentel, André. P., Feltran, Gabriel, & Silva, Lucas A. F. (2022) Globalization and its backroads. In G. S. Feltran (ed.). Stolen cars: a Journey through São Paulo’s urban conflict (pp. 187-207). Londres: Wiley. DOI: https://doi.org/10.1002/9781119686149.ch8

Pimentel, André P., & Pereira, Luiz Gustavo S. (2022). Auctions and mechanisms. In G. S. Feltran (ed.). Stolen cars: a Journey through São Paulo’s urban conflict (pp. 104-126). Wiley. DOI: https://doi.org/10.1002/9781119686149.ch4

Pinheiro-Machado, Rosana. (2017). Counterfeit itineraries in the global south: the human consequences of piracy in China and Brazil. Routledge. DOI: https://doi.org/10.4324/9781315195797

Pinho, Isabela V., Zambon, Gregório, & Silva, Lucas A. F. (2022). Dismantling a stolen car. In G. S. Feltran (ed.), Stolen cars: a journey through São Paulo’s urban conflict (pp. 127-146). Wiley. DOI: https://doi.org/10.1002/9781119686149.ch5

Portes, Alejandro. (1997). Globalization from below: the rise of transnational communities. CMD Working Paper, 98(8).

Rabossi, Fernando. (2015). Tempo e movimento em um mercado de fronteira: Ciudad del Este, Paraguai. Sociologia & Antropologia, 5(2), 405-434. https://doi.org/10.1590/2238-38752015v523 DOI: https://doi.org/10.1590/2238-38752015v523

Rangel, Felipe. (2019). Problema e potência: o comércio popular entre a repressão e a empresarização. Journal of Illicit Economies and Development, 1(2). https://doi.org/10.31389/jied.33 DOI: https://doi.org/10.31389/jied.33

Robinson, Jennifer. (2006). Ordinary cities: between modernity and development. Routledge.

Santos, Milton. (2017). The shared space: the two circuits of the urban economy in underdeveloped countries. Routledge. DOI: https://doi.org/10.4324/9781315103105

Sassen, Saskia. (2007). A Sociology of globalization. W. W. Norton & Company.

Sindipeças. (2024). Relatório da frota circulante – edição 2024. Vira Página.

Tarrius, Alain. (2002). La mondialisation par le bas: les nouveaux nomades des économies souterraines. Balland.

Telles, Vera S. (2010). Nas dobras do legal e do ilegal: ilegalismos e jogos de poder nas tramas da cidade. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, 2(5-6), 97-126.

Telles, Vera S., & Cabanes, Robert (org.). (2006). Nas tramas da cidade: trajetórias urbanas e seus territórios. Associação Editorial Humanitas.

Tsing, Anna L. (2015). The mushroom at the end of the world: on the possibility of life in capitalist ruins. Princeton University Press. DOI: https://doi.org/10.1515/9781400873548

Tsing, Anna L. (2005). Friction: an ethnography of global connection. Princeton University Press. DOI: https://doi.org/10.1515/9780691263526

Urry, John. (2005). The “system” of automobility. In M. Featherstone et al. (ed.). Automobilities (pp. 25-40). Sage Publications. DOI: https://doi.org/10.4135/9781446212578.n2

Zelizer, Viviana. (1994). The social meaning of money. Basic Books.

Downloads

Publicado

12/30/2024

Como Citar

de Pieri Pimentel, A., & Feltran, G. (2024). Conexões globais desiguais: a gestão de veículos em fim de vida útil e os mercados de veículos e peças usados. Revista Brasileira De Sociologia - RBS, 12, e-rbs.1024. https://doi.org/10.20336/rbs.1024

Edição

Seção

Dossiê Mercados Transnacionais