Futuros imaginados
aceleradoras de startups e seus dispositivos de atração de capital de risco
Visualizações: 1DOI:
https://doi.org/10.20336/rbs.1020Palavras-chave:
empreendedorismo, startups, aceleradoras, financiamento, organizaçõesResumo
A partir da análise de um evento em que empreendedores de startups apresentam seus projetos de negócios após os qualificarem em um tradicional programa público de apoio a empresas incipientes (PIPE/Fapesp), o artigo trata do papel do business model Canvas na construção do valor de firmas nascentes. Apoiado em conjunto de dados qualitativos, o artigo revela que, por meio desse dispositivo, os agentes buscam transformar projetos de negócios em ativos financeiros que tencionam participar do portifólio de investidores de capital de risco. O artigo aporta, ainda, a ideia de que os eventos promovidos por organizações conhecidas como aceleradoras de startups conformam torneios de valor que contribuem ao agenciamento de novos empreendedores e ao fluxo de novos ativos no mercado de capital de risco. As startups têm sido vastamente abordadas segundo lentes interessadas no papel de suas redes sociais e arranjos institucionais. Já este artigo enfoca dispositivos que, acionados no interior de organizações intermediadoras, constroem o valor de firmas essenciais ao atual movimento de financeirização e renovação do capitalismo.
Downloads
Referências
Abílio, Ludmila. (2020). Uberização: A era do trabalhador just-in-time? Estudos Avançados, 34(9), 111-126. https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2020.3498.008
Abstartups. (2023). Mapeamento do ecossistema brasileiro de startups 2023. Deloitte; Abstartups. https://abstartups.com.br/mapeamento-de-comunidades/
Abvcap. (2024). Consolidação de dados private equity & venture capital 2º. Tri 2023. TTR Data. https://abvcap.com.br/Download/Estudos/5434.pdf
Adner, Ron, & Kapoor, Rahul. (2010). Value creation in innovation ecosystems: How the structure of technological interdependence affects firm performance in new technology generations. Strategic Management Journal, 31(3), 306-333. https://doi.org/10.1002/smj.821
Aldrich, Howard. (2005). Entrepreneurship. In N. Smelser & R. Swedberg (org.), The handbook of Economic Sociology (p. 451-477). Russell Sage Foundation & Princeton University Press.
Anjos do Brasil. (2023). Pesquisa de Investimento Anjo 2023: Volume de investimento anjo em startups cai 2% em 2022 com aumento de taxa de juros e incertezas. https://www2.anjosdobrasil.net/pesquisa-de-investimento-anjo-2023-volume-de-investimento-anjo-em-startups-cai-2-em-2022-com-aumento-de-taxa-de-juros-e-incertezas
Appadurai, Arjun. (2008/1986). Introdução: mercadorias e políticas de valor. In A. Appadurai (ed.), A vida social das coisas: As mercadorias sob uma perspectiva cultural (p. 15-88). EdUFF.
Araújo, Angela. (2011). O trabalho flexível e a informalidade reconfigurada. In R. Oliveira et al. (org.). Marchas e contramarchas da informalidade do trabalho: Das origens às novas abordagens (p. 161-190). Editora Massangana.
Arbix, Glauco. (2010). Caminhos cruzados: rumo a uma estratégia de desenvolvimento baseada na inovação. Novos estudos CEBRAP, (87), 13-33. https://doi.org/10.1590/S0101-33002010000200002
Arbix, Glauco, Miranda, Zil, Toledo, Demétrio C., & Zancul, Eduardo S. (2018). Made in China 2025 e Industrie 4.0: a difícil transição chinesa do catching up à economia puxada pela inovação. Tempo Social, 3(3), 143-170. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2018.144303
Aspers, Patrik. (2018). Forms of uncertainty reduction: decision, valuation, and contest. Theory and Society, 47, 133-149. https://doi.org/10.1007/s11186-018-9311-0
Barman, Emily, Hall, Matthew, & Millo, Yuval. (2021). Demonstrating value: How entrepreneurs design new accounting methods to justify innovations. European Accounting Review, 30(4), 675-704. https://doi.org/10.1080/09638180.2020.1770113
Beckert, Jens. (2016). Imagined futures: Fictional expectations and capitalist dynamics. Harvard University Press.
Beckert, Jens. (2009). The Social Order of Markets. Theory and Society, 38 (3), 245-269. https://doi.org/10.1007/s11186-008-9082-0
Beckert, Jens, & Bronk, Richard. (2018). Uncertain futures: Imaginaries, narratives, and calculation in the economy. Oxford University Press.
Bessy, Christian, & Chauvin, Pierre-Marie. (2013). The power of market intermediaries: From information to valuation processes. Valuation Studies, 1(1), 83-117. https://doi.org/10.3384/vs.2001-5992.131183
Birch, Kean. (2023). Reflexive expectations in innovation financing: An analysis of venture capital as a mode of valuation. Social Studies of Science, 53(1), 29-48. https://doi.org/10.1177/03063127221118372
Blank, Steve. (2010). Teaching entrepreneurship – By getting out of the building. SteveBlank.com. https://steveblank.com/2010/03/11/teaching-entrepreneurship-–-by-getting-out-of-the-building/
Burt, Ronald. (1992). Structural holes: The social structure of competition. Harvard University Press.
Carrilo, Ana. (2021). Crescimento das startups. Abstartups. https://abstartups.com.br/crescimento-das-startups
Castilla, Emilio, Hwang, Hokyu, Granovetter, Ellen, & Granovetter, Mark. (2000). Social networks in Silicon Valley. In C.-M. Lee et al. (org.), The Silicon Valley Edge: A habitat for innovation and entrepreneurship (p. 218-247). Stanford University Press.
Costa, Henrique. (2024). Empreendedorismo popular e a economia moral da vida sem salário. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, (87), 1-19. https://doi.org/10.11606/2316901X.n87.2024.e10683
Dansou, Kafui, & Langley, Ann. (2013). Institutional work and the notion of test. Management, 15(5), 503-527. https://doi.org/10.3917/mana.155.0503
Distrito. (2023). Panorama Tech na América Latina 2023. Recuperado de: https://materiais.distrito.me/report/panorama-tech-america-latina-2023
Distrito. (2022). Relatório sobre o mercado de inovação em 2021. https://materiais.distrito.me/mr/retrospectiva
Doganova, Liliana, & Kornberger, Martin. (2021). Strategy’s futures. Futures, 125, 1-9. https://doi.org/10.1016/j.futures.2020.102664
Edquist, Charles. (2005). Systems of innovation. Perspectives and challenges. In J. Fagerberger & D. Mowery. The Oxford handbook of innovation (p. 181-208). Oxford University Press.
Evans, Peter. (2004). Autonomia e parceria: Estados e transformação industrial. Editora UFRJ.
Faria, Louise. (2018). O poder dos sonhos: Uma etnografia de empresas startup no Brasil e no Reino Unido [Tese de Doutorado em Antropologia]. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. https://lume.ufrgs.br/handle/10183/179408
Ferrary, Michel, & Granovetter, Mark. (2009). The role of venture capital firms in Silicon Valley’s complex innovation network. Economy and Society, 38(2), 326-359. https://doi.org/10.1080/03085140902786827
Ferreira, Aleciane, Loiola, Elisabeth, & Gondim, Sonia. (2020). Produção científica em empreendedorismo no Brasil: Uma revisão de literatura de 2004 a 2020. Revista Gestão e Planejamento, 21, 371-393. https://dx.doi.org/10.21714/2178-8030gep.v.21.5618
Fligstein, Neil. (2001). The architecture of markets: An economic sociology of twenty-first-century capitalist societies. Princeton University Press.
Fligstein, Neil. (1996). Markets as politics: a political cultural approach to market institutions. American Sociological Review, 61(4), 656-673. https://doi.org/10.2307/2096398
Fligstein, Neil, & Choo, Jennifer. (2005). Law and corporate governance. Annual Review of Law and Social Science, 1, 61-84. https://doi.org/10.1146/annurev.lawsocsci.1.041604.115944
Fontes, Leonardo. (2023). Informality, precariousness, and entrepreneurialism: New and old issues of urban labor in Latin America over the last decade (2012–2021). BIB – Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, (99), 1-28. https://bibanpocs.emnuvens.com.br/revista/article/view/642
Garcia, Carolina. (2023). “Mulheres mudam o mundo”: uma etnografia de políticas corporativas e pedagogias do empoderamento [Tese de Doutorado em Ciências Sociais]. Unicamp. https://hdl.handle.net/20.500.12733/13644
Garud, Raghu, Schildt, Henri, & Lant, Theresa. (2014). Entrepreneurial storytelling, future expectations, and the paradox of legitimacy. Organization Science, 25(5), 1479-1492. https://doi.org/10.1287/orsc.2014.0915
Gereffi, Gary, & Korzeniewicz, Miguel. (1994). Commodity chains and global capitalism. Praeger.
Guimarães, Nadya. (2009). À Procura de trabalho. Instituições do mercado e redes. Argvmentvn.
Karpik, Lucien. (2010). Valuing the unique: the economics of singularity. Princeton, New Jersey: Princeton University Press.
Knorr-Cetina, Karin. (2015). What is a financial market? Global markets as media-institutional forms. In P. Aspers & N. Dodd (org.), Re-imagining economic sociology (p. 103-124). Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780198748465.003.0005
Kowarick, Lúcio. (2019). Trabalho e vadiagem: A origem do trabalho livre no Brasil. Editora 34.
Latour, Bruno. (1992). Where are the missing masses? The sociology of a few mundane artifacts. In W. Bijker & J. Law (ed.), Shaping technology/Building society: Studies in sociotechnical change (p. 225-258). MIT Press.
Leite, Elaine, & Melo, Natália. (2008). Uma nova noção de empresário: A naturalização do empreendedor. Revista de Sociologia e Política, 16(31), 35-47. https://doi.org/10.1590/S0104-44782008000200005
Lemos, Paulo. (2012). Universidades e ecossistemas de empreendedorismo: A gestão orientada por ecossistemas e o empreendedorismo da Unicamp. Unicamp.
Lie, John. (1997). Sociology of markets. Annual Review of Sociology, 23, 341-360. https://doi.org/10.1146/annurev.soc.23.1.341
Lima, Jacob. (2010). Participação, empreendedorismo e autogestão: uma nova cultura do trabalho. Sociologias, 12(25), 158-198. https://doi.org/10.1590/S1517-45222010000300007
Lundvall, Bengt-Åke, Vang, Jan, & Joseph, K. J. (2011). Innovation system research and developing countries. In B.-Å. Lundvall et al. (ed.), Handbook of innovation systems and developing countries (p. 1-30). Edward Elgar Publishing.
Machado da Silva, Luiz. (2002). Da informalidade à empregabilidade: Reorganizando a dominação no mundo do trabalho. Caderno CRH, 15(37), 81-109. https://doi.org/10.9771/ccrh.v15i37.18603
Maia, Marcel. (2019). Como as start-ups crescem? Performances e discursos de empreendedores à procura de capital. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 34 (99), e349919. https://doi.org/10.1590/349919/2019
Martinelli, Alberto. (2009). O contexto do empreendedorismo. In A, Martes (org.), Redes e sociologia econômica (p. 207-235). Edusfcar.
Mason, Colin, & Brown, Ross. (2014). Entrepreneurial ecosystems and growth oriented entrepreneurship [Background paper]. Entrepreneurial Ecosystems and Growth-Oriented Entrepreneurship Workshop, Haia, Países Baixos. http://www.oecd.org/cfe/leed/entrepreneurial-ecosystems.pdf
Mazzucato, Mariana. (2011). The entrepreneurial state. Demos.
Muniesa, Fabian. (2017) Entrepreneur Meets Investor. In F. Muniesa et al. (org.). Capitalization: a Cultural Guide (p. 27-34). Paris: Presses des Mines.
Neves, Felipe. (2021). A cooperação interfirmas na perspectiva das startups: Uma análise dos ambientes de inovação do Rio Grande do Sul [Tese de Doutorado em Sociologia]. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. https://lume.ufrgs.br/handle/10183/225522
Niederle, Paulo, Santos, Rodrigo, & Monteiro, Cristiano. (2021). Interpretações institucionalistas sobre as transformações dos capitalismos brasileiros: Da pretensão neodesenvolvimentista à predação. Revista Brasileira de Sociologia, 9(22), 9–44. https://doi.org/10.20336/rbs.836
Osterwalder, Alexander & Pigneur, Yves. (2011). Business Model Generation: inovação em modelos de negócios: um manual para visionários, inovadores e revolucionários. Rio de Janeiro: Alta Books.
Pacete, Luiz. (2022, 17 jan.). Head do SoftBank no Brasil: “Investimentos mantêm-se aquecidos em 2022”. Forbes. https://forbes.com.br/forbes-tech/2022/01/head-do-softbank-no-brasil-nao-acredito-em-bolha-quando-ha-visao-de-longo-prazo
Parra, João. (2023). Panela Nestlé: Um estudo de caso sobre relações assimétricas entre grandes corporações e startups na inovação aberta. Revista Novos Rumos Sociológicos, 11(19), 188-213. https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/NORUS/article/view/25135
Picanço, Monise. (2018). Caleidoscópio da Valoração a HSM expomanagement e o processo de constituição de seus produtos [Tese de Doutorado em Sociologia]. Universidade de São Paulo. https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-25032019-134348
Pires, Aline. (2021). As novas configurações espaciais do empreendedorismo tecnológico e as experiências de trabalho no polo de tecnologia de São Carlos-SP. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 36(106), e3610605. https://doi.org/10.1590/3610605/2021
Prandi, José Reginaldo. (1978). O trabalhador por conta própria sob o capital. São Paulo: Símbolo.
Rizek, Cibele. (2007). Viração e trabalho: Algumas reflexões sobre dados de pesquisa. Estudos de Sociologia, 11(21), 49-58. https://periodicos.fclar.unesp.br/estudos/article/view/89
Saxenian, AnnaLee. (2006). The new argonauts: Regional advantage in a global economy. Harvard University Press.
Schmidt, Vivien. (2015). Discursive institutionalism: Understanding policy in context. In F. Fischer et al. (org.), Handbook of critical policy studies (p. 171-189). Edward Elgar Publishing.
Shestakofsky, Benjamin. (2024). Behind the startup: How venture capital shapes work, innovation, and inequality. University of California Press.
Silva, Gleicy. (2017). Empreendimentos sociais, negócios culturais: Uma etnografia das relações entre economia e política a partir da Feira Preta em São Paulo [Tese de Doutorado em Antropologia]. Universidade de São Paulo. https://doi.org/10.11606/T.8.2017.tde-06022017-113032
Stark, David. (2009). The sense of dissonance: Accounts of Worth in Economic Life. Russell Sage Foundation & Princeton University Press.
Stigler, George. (1962). Information in the Labour Market. Journal of Political Economy, 70(5), 94-105. https://doi.org/10.1086/258727
Thompson, Neil, & Byrne, Orla. (2022). Imagining futures: Theorizing the practical knowledge of future-making. Organization Studies, 43(2), 247-268, 2022. https://doi.org/10.1177/01708406211053222
Toledo, Demétrio de. (2015). Catch-up, tecnologia, instituições e empresas: desenvolvimento como aquisição de competências. BIB – Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, (80), 59-71. https://bibanpocs.emnuvens.com.br/revista/article/view/408
Vale, Glaucia, & Guimarães, Liliane. (2010). Redes sociais na criação e mortalidade de empresas. RAE – Revista de Administração de Empresas, 50(3), 325-337. https://doi.org/10.1590/S0034-75902010000300008
Wenzel, Matthias, Krämer, Hannes, Koch, Jochen, & Reckwitz, Andreas. (2020). Future and organization studies: On the rediscovery of a problematic temporal category in organizations. Organization Studies, 4(10), 1441-1455.
Williamson, Oliver. (1983). Markets and hierarchies: Analysis and antitrust implications. Free Press.
Wolff, Simone. (2019). As startups na perspectiva das cadeias globais de valor: Financeirização dos trabalhos de inovação e a reinvenção do salário por peça. Política & Trabalho: Revista de Ciências Sociais, (51), 90-107. https://doi.org/10.22478/ufpb.1517-5901.0v51n0.51045
Zanon, Breilla. (2019). Não era amor, era cilada: startups, coworkings e a mobilização do desejo pelo mundo do trabalho [Tese de Doutorado em Sociologia]. Universidade Federal de São Carlos. https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/12266
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Marcel Maia
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).