Muralha de espelhos: o narcisismo político nas plataformas digitais
Visualizações: 1031DOI:
https://doi.org/10.20336/rbs.766Palavras-chave:
narcisismo, plataformas digitais, esfera públicaResumo
A hipótese investigada pelo artigo é a de que as plataformas digitais, longe de estimular o florescimento de uma “cultura democrática”, podem ser tomadas como materialização algorítmica do “pensamento selvagem”, imaginário, dualista e fragmentado. Fundamentados em uma leitura que combina teoria crítica, pós-estruturalismo e psicanálise, buscamos analisar a lógica própria dos agenciamentos políticos nas mídias sociais, caracterizadas, metaforicamente, como “muralhas de espelhos”. Nossa pesquisa se apoia no estudo empírico de um caso de histeria moral ocorrido no Brasil, em 2017, contra a chamada “ideologia de gênero”, quando conferências acadêmicas e exibições artísticas estavam sob perseguição de ativistas conservadores. A análise dos eventos à luz da teoria descortina um cenário de narcisismo político em que o entendimento baseado na argumentação racional dialógica perde espaço para o acirramento de fronteiras ideológicas.
Downloads
Referências
Adut, Ari. (2008). On scandal: moral disturbances in society, politics, and art. Cambridge University Press.
Althusser, Louis. (1985). Aparelhos ideológicos de Estado. Graal.
Andrade, Mário de. (2018). Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Melhoramentos.
Balieiro, Fernando F. (2018). Não se meta com meus filhos: a construção do pânico moral da criança sob ameaça. Cadernos Pagu, (53), e185306. https://doi.org/10.1590/18094449201800530006
Bourdieu, Pierre. (2003). O poder simbólico. Bertrand Brasil.
Castells, Manuel. (2015). O poder da comunicação (1. ed., pp. 101-190). Paz e Terra.
Castells, Manuel. (2013). Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da Internet. (1. ed.). Zahar.
Castells, Manuel. (1999). A revolução da tecnologia da informação. In M. Castells, A sociedade em rede. A era da informação, economia, sociedade e cultura (Vol. 1, pp. 67-118). Paz e Terra.
Cocco, Giuseppe. (2013). Introdução à 2ª edição, 21 de março de 2013. In M. Lazzarato, A. Negri, Trabalho Imaterial: formas de vida e produção da subjetividade. Lamparina.
Cohen, Stanley. (1972). Folk devils and moral panics: the creation of mods and rockers. MacGibbon & Kee.
Durkheim, Emile. (1989). As formas elementares da vida religiosa: o sistema totêmico na Austrália. Paulinas.
Fraser, Nancy. (1990). Rethinking the public sphere: a contribution to the critique of actually existing democracy. Social Text, (25/26), 56-80. https://doi.org/10.2307/466240
Freud, Sigmund. (2013). Psicologia das massas e análise do eu. L&PM.
Freud, Sigmund. (2010). Introdução ao narcisismo. In, S. Freud, Freud: Obras Completas (Vol. 12, pp. 138-170). Companhia das Letras.
Giddens, Anthony. (1991). As consequências da modernidade. Editora UNESP.
Giddens, Anthony. (1990). El estructuralismo, el post-estructuralismo y la producción de la cultura. In A. Giddens & J. Turner (Ed.), La teoría social, hoy (pp. 205-254). Alianza Editorial.
Gomes, Laura G.; Leitão, Débora K. (2017). Etnografia em ambientes digitais: perambulações, acompanhamentos e imersões. Antropolítica: Revista Contemporânea de Antropologia, (42), 41-65. https://doi.org/10.22409/antropolitica2017.1i42.a41884
Gorz, André. (2009) O imaterial: conhecimento, valor e capital. Annablume.
Habermas, Jürgen. (1985). La esfera de lo público. Dialética, X(17).
Harvey, David. (1992). Condição pós-moderna. Loyola.
Hegel, Georg W. F. (1997). Princípios da filosofia do direito. Martins Fontes.
Hine, Christine (Ed.). (2005). Virtual methods: issues in social research on the Internet. Berg Publishers.
Holanda, Sérgio B. de. (1995). Raízes do Brasil. Companhia das Letras.
Jameson, Frederic. (2002). Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. Ática.
Jungblut, Airton. (2015). Práticas ciberativistas, agência social e ciberacontecimentos. Vivência: Revista de Antropologia, 1(45), 13-22.
Klein, Melanie. (1982). As origens da transferência. In F. Fernandes (Coord.), Melanie Klein (Coleção Grandes Cientistas Sociais, n. 32). Ática.
Lacan, Jacques. (2005). O simbólico, o imaginário e o real. In J. Lacan, Nomes-do Pai (pp. 9-53). Jorge Zahar.
Laplanche, Jean, & Pontalis, Jean-Bertrand. (1992). Vocabulário da psicanálise. Martins Fontes.
Lazzarato, Mauriziio, & Negri, Antonio. (2013). Trabalho Imaterial: formas de vida e produção da subjetividade. Rio de Janeiro: Lamparina.
Lévi-Strauss, Claude. (2010). O tempo reencontrado. In C. Lévi-Strauss, O pensamento selvagem (pp. 243-272). Papirus.
Lupton, Deborah. (2015). Digital Sociology. Routledge.
Maffesoli, Michel. (2007). Tribalismo pós-moderno: da identidade às identificações. Ciências Sociais Unisinos, 43(1), 97-102.
Marzochi, Samira F. (2019, 9-12 jul.). Mídias digitais, descentramento e constituição subjetiva [Apresentação de artigo]. 19º Congresso Brasileiro de Sociologia da SBS, Florianópolis.
Marzochi, Samira F. (2017, 26-29 jul.). Espaço, tempo e subjetividade na era digital: dilemas da política contemporânea [Apresentação de artigo]. 18º Congresso Brasileiro de Sociologia da SBS, Brasília.
Marzochi, Samira F. (2016, 24-28 de out.). Subjetividade, política e ciberespaço: uma recategorização da relação espaço-tempo para a definição típica-ideal do sujeito político contemporâneo [Apresentação de artigo]. 40º Encontro Anual da Anpocs, Caxambu.
Matos, Olgária. (2006). A identidade: o estrangeiro em nós. In Discretas esperanças: reflexões filosóficas sobre o mundo contemporâneo (cap. 3). Nova Alexandria.
Miskolci, Richard, & Campana, Maximiliano. (2017). “Ideologia de gênero”: notas para a genealogia de um pânico moral contemporâneo. Revista Sociedade e Estado, 32(3). https://doi.org/10.1590/s0102-69922017.3203008
Ortiz, Renato. (2015). Universalismo e diversidade. Boitempo.
Pariser, Eli. (2011). The filter bubble: what the internet is hiding from you. Penguin Press.
Pasquale, Frank. (2017). A esfera pública automatizada. Líbero, XX(39), 16-35.
Touraine, Alain. (1995). Crítica da modernidade. Vozes.
Van Dijck, José. (2016). La cultura de la conectividad: una historia crítica de las redes sociales. Siglo Veintiuno.
Van Dijck, José, Poell, Tomas, & Waal, Martijn de. (2018). The platform society: public values in a connective world. Oxford University Press.
Weber, Max. (1979). Sobre a teoria das ciências sociais. Editorial Presença.
Downloads
- PDF (English) 80
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Fernando de Figueiredo Balieiro, Samira Feldman Marzochi
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).