“Discursos de ódio” e a produção do caos social
Visualizações: 43DOI:
https://doi.org/10.20336/rbs.1049Palavras-chave:
mídias digitais, “discursos de ódio”, Damares Alves, direitos humanos, emoçõesResumo
Neste artigo proponho uma reflexão sobre três vídeos do YouTube protagonizados por Damares Alves entre 2016 e 2021. No primeiro, centrado na proteção da infância, a então pastora denuncia livros e filmes “impróprios” para crianças. O segundo e o terceiro, já como Ministra do governo Bolsonaro, remetem a duas entrevistas concedidas à jornalista Leda Nagle e à Karina Gomes, da Comissão Permanente junto à ONU em Genebra. O período escolhido é estratégico, porque permite perceber como os discursos sobre família e direitos humanos ganharam a cena pública no governo Bolsonaro, acionando emoções perpassadas por “discursos de ódio”, termo banalizado nas mídias institucionalizadas e redes sociais, mas que mantém sua pertinência analítica.
Downloads
Referências
Ahmed, Sara. (2004). The Cultural Politics of Emotion. Routledge.
Balieiro, Fernando de F. (2018). “Não se meta com meus filhos”: a construção do pânico moral da criança sob ameaça. Cadernos Pagu (53), e185306. https://doi.org/10.1590/18094449201800530006
Beleli, Iara. (2022). Antifeminismos: os efeitos dos discursos de ódio. Sexualidad, Salud Y Sociedad, (38), e22311. https://doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2022.38.e22311.a
Bentes, Ivana. (2018) Economia narrativa: do midiativismo aos influenciadores digitais. In: A. A. Braighi, C. Lessa, & M. T. Câmara (orgs.). Interfaces do midiativismo: do conceito à prática. (p. 151-169).Cefet-MG.
Boyd, Danah, & Ellison, Nicole B. (2007). Social network sites: Definition, history, and scholarship. Journal of Computer-Mediated Communication, 13 (1), 210-230.
Butler, Judith. (2021). Discurso de ódio – uma política do performativo. Editora Unesp.
Castells, Manuel. (2013). Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da Internet. Zahar.
Cohen, Stanley. (2011). Folk Devils and Moral Panics. 3a ed. London: Taylor & Francis. 282 p.
Duncan, Pansy Kathleen. (2017). The Uses of Hate: on hate as a political category. M/C Journal, 20(1). https://doi.org/10.5204/mcj.1194
Foucault, Michel. (2002) Arqueologia do Saber. 6.ed. Forense Universitária.
Galinari, Melliandro M. (2020). Identificando os “discursos de ódio”: um olhar retórico-discursivo. Rev. Estud. Ling., 28 (4), 1697-1746.
Hochschild, Arlie R. (1979). Emotion work, feeling rules, and social structure. American Journal of Sociology, 85 (3), 551-575.
Jenkins, Henry. (2009). Cultura da convergência (2a ed.). Aleph.
Jenkins, Henry, Purushotma, Ravi, Weigel, Margaret, Clinton, Kate, & Robison, Alice J. (2009). Confronting the Challenges of Participatory Culture: Media education for the 21st century. MIT Press (https://bit.ly/2ENQPLi).
Lauretis, Teresa de. (1987) Technologies of Gender: Essays on Theory, Film and Fiction. Indiana University Press
Lowenkron, Laura, & Ferreira, Letícia. (2014). Anthropological perspectives on documents. Ethnographic dialogues on the trail of police papers. Vibrant: Virtual Brazilian Anthropology, 11 (2), 76-112.
Marley, Luanna. (2020) A ofensiva antigênero e o sintagma da “ideologia de gênero” no cenário político-jurídico da Câmara dos Deputados. In: C. Severi, E. W. Castilho, & M. C. Matos. Tecendo fios das críticas feministas ao Direito no Brasil II: direitos humanos das mulheres e violências. Vol. 2. Novos olhares, outras questões. FDRP/USP (e-book).
Martín-Barbero, Jesús. (2003) De los medios a las mediaciones: comunicación, cultura y hegemonía. Convenio Andrés Bello.
Marzochi, Samira F., & Balieiro, Fernando de F. (2021) Muralha de espelhos: o narcisismo político nas plataformas digitais. Revista Brasileira de Sociologia. 9 (23), 121-148. https://doi.org/10.20336/rbs.766
Miller, Daniel; Slater, Don. (2004). Etnografia on e off-line: cybercafés em Trinidad. Horizontes Antropológicos, 10 (21), .41-65. https://doi.org/10.1590/S0104-71832004000100003
Miskolci, Richard. (2021) Batalhas Morais. Política identitária na esfera pública técno-midiatizada. Autêntica.
Miskolci, Richard, & Balieiro, Fernando de F. (2023) The moralization of politics in Brazil. International Sociology, 38 (4), 480-496.
Miskolci, Richard, & Campana, Maximiliano. (2017). “Ideologia de gênero”: notas para a genealogia de um pânico sexual contemporâneo. Sociedade e Estado, 32 (3), 725-747. https://doi.org/10.1590/s0102-69922017.3203008
Moschkovich, Marília. (2023). “Família” e a nova gramática dos direitos humanos no governo Jair Bolsonaro (2019-2021). Mecila Working Paper Series, 52. The Maria Sibylla Merian Centre Conviviality-Inequality in Latin America.
Prado, Marco Aurélio M., & Correa, Sonia. (2018). Retratos transnacionais e nacionais das cruzadas antigênero. Revista Psicologia Política, 18 (43), 444-448.
Prandi, Reginaldo. (2007) Contos e lendas afro-brasileiros. A criação do mundo. Companhia das Letras.
Rezende, Claudia B., & Coelho, Maria Claudia. (2010) Antropologia das emoções. FGV.
Silva, Camila F., & Fernandes, Eduardo G. Imagem e contestação: regimes emocionais no enquadramento midiático a eventos de protesto. (2023) Opinião Pública, 29 (1), 69-101.OPINIÃO PÚBLICA, Campinas, vol. 29, no 1, p. 69-1012023
Shoshan, Nitzan. (2014). Managing hate: Political delinquency and affective governance in Germany. Cultural Anthopology, 29 (1), 150-172.
Tetrault, Justin Everett C. (2021). What’s hate got to do with it? Right-wing movements and the hate stereotype. Current Sociology, 69 (1), 3-23.
Trotti, Bárbara A., & Lowenkron, Laura. (2023) Pânicos morais, sexualidade e infância: a fabricação do “kit gay” como artefato político na disputa presidencial de 2018 a partir da rede social Twitter. Sex., Salud Soc. (39), e22318. https://doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2023.39.e22318.a.pt
Van Dijck, José, Poell, Tomas, & Waal, Martijn de. (2018). The platform society: public values in a connective world. Oxford University Press.
Material de análise
Cunha, Carolina. (2007). Eleguá. Editora SM.
DW Brasil. (2020, 2 mar.). “É o momento de a igreja ocupar a nação”, diz Damares Alves. Youtube.com. https://www.youtube.com/watch?v=fYTLsV4SEKU
Hoffman, Mary, & Asquith, Ros. (2011). O grande e maravilhoso livro das famílias. Editora SM.
Leslão, Janaína. (2015). A Princesa e a Costureira. Metanoia Editora.
Nagle, Leda. (2019, 5 set.). Com a palavra a ministra Damares Alves | Leda Nagle. Youtube.com. https://www.youtube.com/watch?v=oAFpeUnq6i4
Protetores da Infância e Família. (2016, 1º maio). Damares Alves 01/05/2016 Ideologia de gênero e livros impróprios. Youtube.com. https://www.youtube.com/live/9_PSmCR_r_o
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Iara Beleli
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).