Juventude e os sentidos do trabalho
experiências e perspectivas dos cicloentregadores plataformizados
Visualizações: 571DOI:
https://doi.org/10.20336/rbs.958Palavras-chave:
trabalho plataformizado, juventude, entregadores, aplicativos, sentidos do trabalhoResumo
O presente artigo visa discutir as percepções e perspectivas de jovens que realizam o trabalho de entregas por aplicativo sobre esta atividade. A partir da observação de situações de trabalho e entrevistas realizadas na cidade de São Paulo (SP), sobretudo com cicloentregadores – trabalhadores que utilizam a bicicleta para o trabalho de delivery – nossa proposta é verificar que sentidos atribuem ao trabalho e quais elementos levam esses jovens a aderirem a essa atividade, conferindo-lhe, de algum modo, um sentido positivo. A discussão será desenvolvida a partir de três eixos: (1) as dinâmicas de trabalho, (2) as percepções sobre o trabalho regulado e (3) as perspectivas de trabalho e as estratégias mobilizadas pelos trabalhadores. Buscaremos analisar como a proposta do trabalho plataformizado se concretiza e é interpretada por jovens – em geral, das classes populares, moradores de periferias e sem elevada qualificação – que já foram socializados em um contexto em que o trabalho formal e protegido não mais se apresenta como horizonte concreto e no qual os discursos dominantes buscam reforçar constantemente a associação entre juventude e trabalho flexível, sobretudo na chave do empreendedorismo.
Downloads
Referências
Abdelnour, Sarah, & Méda, Dominique. (2019). Les Nouveaux travailleurs des applis. PUF.
Abílio, Ludmila. (2021) Empreendedorismo, autogerenciamento subordinado ou viração? Uberização e o trabalhador just-in-time na periferia. Contemporânea, 11 (3), 30-45. https://doi.org/10.4322/2316-1329.2021023
Abílio, Ludmila. (2020). Uberização e juventude periférica. Desigualdades, autogerenciamento e novas formas de controle do trabalho. Novos Estudos CEBRAP, 39, 579-597. https://doi.org/10.25091/s01013300202000030008
Abílio, Ludmila, Amorim, Henrique, & Grohmann, Rafael. (2021). Uberização e plataformização do trabalho no Brasil: conceitos, processos e formas. Sociologias, 23 (57), 26-56. https://doi.org/10.1590/15174522-116484
Aliança Bike. (17 jul. 2019) Pesquisa de perfil dos entregadores ciclistas de aplicativo. https://aliancabike.org.br/pesquisa-de-perfil-dos-entregadores-ciclistas-de-aplicativo/
Boltanski, Luc, & Chiapello, Ève (2009). O novo espírito do capitalismo. WMF Martins Fontes.
Canclini, Néstor García. (2012) Introducción: de la cultura postindustrial a las estrategías de los jóvenes. Em: Néstor García Canclini et al. (org.). Jóvenes, culturas urbanas y redes digitales (pp. 3-24). Editorial Ariel.
Casilli, Antonio, & Posada, Julian. (2019).The platformization of labor and society. Em: Mark Graham & William Dutton. (org.). Society and the Internet (p. 293-306). OUP.
Chesta, Riccardo E., Zamponi, Lorenzo, & Caciagli, Carlotta. (2019) Labour activism and social movement unionism in the gig economy: food delivery workers’ struggles in Italy. PArtecipazione e COnflitto, 12 (3), 819-844. https://doi.org/10.1285/i20356609v12i3p819
De Stefano, Valerio (2016). The rise of the “just-in time workforce": on demand work, crowdwork, and labor protection in the “gig economy". ILO.
Diógenes, Glória. (2009). Juventude, exclusão e a construção de políticas públicas: estratégias e táticas. Em: Manoel Mendonça Filho & Maria Teresa Nobre (org.). Política e afetividade: narrativas e trajetórias de pesquisa. EdUFBA.
Englert, Sai, Woodcock, Jamie, & Cant, Callum. (2020). Digital Workerism: Technology, platforms, and the circulation of workers’ struggles. TripleC: Communication, Capitalism & Critique, 18 (1), 132–145. https://doi.org/10.31269/triplec.v18i1.1133
Estormovski, Renata C. (2021). O currículo escolar como formador do sujeito empreendedor para o capital. Linhas Críticas, 27, e36828. https://doi.org/10.26512/lc.v27.2021.36828
Feltran, Gabriel. (2014). Valor dos pobres: a aposta no dinheiro como mediação para o conflito social contemporâneo. Caderno CRH, 27, 495-512. https://doi.org/10.1590/S0103-49792014000300004
Fioravanti, Lívia M. (2023). Espaço urbano e plataformas digitais: deslocamentos e condições de trabalho dos entregadores de bicicleta da metrópole de São Paulo. GEOUSP, 27 (2), e-201427. https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2023.201427
Fioravanti, Lívia, Rangel, Felipe, & Rizek, Cibele. (2023). Plataformas digitais e fluxos urbanos: dispersão e controle do trabalho precário. Cadernos da Metrópole, 26 (59), 69-96. https://doi.org/10.1590/2236-9996.2024-5904
Filgueiras, Vitor, & Antunes, Ricardo. (2020). Plataformas digitais, uberização do trabalho e regulação no capitalismo contemporâneo. Revista Contracampo, 39 (1), 27-43. https://doi.org/10.22409/contracampo.v39i1.38901
Graham, Mark, & Woodcock, Jamie. (2018). Towards a Fairer Platform Economy: Introducing the Fairwork Foundation. Alternate Routes, 29, 242-253.
Griesbach, Kathleen, Reich, Adam, Elliott-Negri, Luke, & Milkman, Ruth. (2019). Algorithmic Control in Platform Food Delivery Work. Socius, 5. https://doi.org/10.1177/2378023119870041
Grohmann, Rafael. (2022). Plataformas de propriedade de trabalhadores: cooperativas e coletivos de entregadores. Matrizes, 16, 209-233. https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v15i2p209-233
Grohmann, Rafael. (2020). Plataformização do trabalho: entre dataficação, financeirização e racionalidade neoliberal. Eptic On-Line, 22, 106-122. https://periodicos.ufs.br/eptic/article/view/12188
Guimarães, Nadya A. (2005). Trabalho: uma categoria-chave no imaginário juvenil. Em: Helena Abramo & Pedro Branco (org.). Retratos da juventude brasileira: análises de uma pesquisa nacional (pp. 149-174). Instituto Cidadania/Fundação Perseu Abramo.
Guimarães, Nadya A., Hirata, Helena, & Sugita, Kurumi. (2009). Trabalho flexível, empregos precários? Reflexões à guisa de introdução. Em: Trabalho flexível, empregos precários? Uma comparação Brasil, França, Japão (pp. 9-24). Edusp.
Kalil, Renan B. (2022). Plataformas de trabalho crowdwork. Ciências do Trabalho, 21.
Krein, José Dari. (2018). O desmonte dos direitos, as novas configurações do trabalho e o esvaziamento da ação coletiva: consequências da reforma trabalhista. Tempo Social, 30, 77-104. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2018.138082
Kusk, Kalle, & Nouwens, Midas. (2022). Platform-mediated food delivery work: a review for CSCW. Proceedings of the ACM on Human-Computer Interaction, 6 (CSCW2), Article no. 532. https://doi.org/10.1145/3555645
Lima, Jacob Carlos. (2010). Participação, empreendedorismo e autogestão: uma nova cultura do trabalho? Sociologias, 12 (25), 158-198. https://doi.org/10.1590/S1517-45222010000300007
Lima, Jacob C. & Pires, Aline S. (2017). Youth and the new culture of work: Considerations drawn from digital work. Sociologia e Antropologia, 7, 773-797. https://doi.org/10.1590/2238-38752017v735
Machado, Leandro. (22 maio 2019). Dormir na rua e pedalar 12 horas por dia: a rotina dos entregadores de aplicativos. BBC News Brasil. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48304340
Machado da Silva, Luiz A. (2018). O mundo popular: trabalho e condições de vida. Papéis Selvagens.
Machado, Sidnei, & Zanoni, Alexandre P. (2022). Introdução. Em: Sidnei Machado & Alexandre P. Zanoni. O trabalho controlado por plataformas digitais no Brasil: dimensões, perfis e direitos (pp. 23-29). Editora UFPR.
Manzano, Marcelo, & Krein, André. (2022). Dimensões do trabalho por plataformas digitais no Brasil. Em: Sidnei Machado & Alexandre P. Zanoni. O trabalho controlado por plataformas digitais no Brasil: dimensões, perfis e direitos (pp. 31-126). Editora UFPR.
Pais, José M., Cairns, David, & Pappámikail, Lia. (2005). Jovens europeus: retrato da diversidade. Tempo Social, 17 (2), 109-140. https://doi.org/10.1590/S0103-20702005000200006
Peralva, Angelina. (1997). O jovem como modelo cultural. Revista Brasileira de Educação, 5 (6), 15-24.
Pires, Aline S. (2021). As novas configurações espaciais do empreendedorismo tecnológico e as experiências de trabalho no polo de tecnologia de São Carlos-SP. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 36 (106), e3610605. https://doi.org/10.1590/3610605/2021
Pires, Aline S. (2018). Juventude(s) e o trabalho na área de TI: uma discussão sobre o discurso da flexibilidade geracional. Em: Maria A. Bridi & Jacob C. Lima (org.). Flexíveis, virtuais e precários? Os trabalhadores em tecnologias de informação (pp. 32-45). Editora UFPR.
Pires, Aline S., & Motta, Luana D. (2021). Sobre millennials e jovens vulneráveis: racionalidade neoliberal e experiência juvenil contemporânea. Em: 20º Congresso Brasileiro de Sociologia, Belém-PA.
Reguillo, Rosana. (2003). Las culturas juveniles: un campo de estudio; breve agenda para la discusión. Revista Brasileira de Educação, 23, 103-118. https://doi.org/10.1590/S1413-24782003000200008
Rizek, Cibele. (2006). Viração e trabalho: algumas reflexões sobre dados de pesquisa. Estudos de Sociologia, 11 (21), 49-58. https://periodicos.fclar.unesp.br/estudos/article/view/89
Rizek, Cibele. (2012). Trabalho, moradia em cidade. Zonas de indiferenciação? Revista Brasileira de Ciências Sociais, 27 (78), 41-49. https://doi.org/10.1590/S0102-69092012000100003
Sennett, Richard. (2009). A corrosão do caráter. Consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Record.
Telles, Vera S. (2006). Mutações do trabalho e experiência urbana. Tempo Social, 18 (1), 173-195.
Telles, Vera. S. (2011). A cidade nas fronteiras do legal e ilegal. Argvmentvm.
Van Doorn, Niels. (2017). Platform Labor: on the gendered and racialized exploitation of low-income service work in the ‘on-demand’ economy. Information, Communication & Society, 20 (6), 898-914. https://doi.org/10.1080/1369118X.2017.1294194
Downloads
Publicado
Versões
- 02/22/2024 (2)
- 02/05/2024 (1)
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Aline Suelen Pires, João Pedro Ferreira Perin

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).