Ação Social e Instituições Econômicas:

conquistas para a pesquisa sociológica

Autores

  • Sandro Ruduit Garcia

DOI:

https://doi.org/10.20336/rbs.799

Palavras-chave:

ação econômica, instituições, capitalismo, sociologia econômica

Resumo

A “metamorfose do mundo” tem chacoalhado instituições econômicas consagradas, exigindo do pesquisador o reconhecimento das transformações no mapa da atividade econômica. A proposta deste artigo é examinar as contribuições do conceito de “ação social” para a investigação sociológica de transformações nos processos econômicos, particularmente em realidades como a brasileira, que experimentam tais transformações sem ter constituído plenamente instituições capitalistas modernas. Progressos de diferentes formulações e ênfases do conceito têm permitido complementaridades para perscrutar a construção ativa de relações econômicas concretas pelos agentes em face de resistências institucionais. Esses desdobramentos têm instigado a compreensão e análise tanto de processos de reprodução de relações de poder quanto de produção de relações de cooperação que encetam a ascensão de atividades econômicas e instituem quadros normativos. O argumento pressupõe que situações de crises nos mercados requerem a observação das ações significativas dos agentes para a reconstrução de relações e organizações econômicas, cuja base se acha não apenas na busca de interesses materiais, mas também na legitimidade de convenções sociais e normas legais. O predomínio da ação econômica com finalidades instrumentais leva, depois de certo ponto, à instabilidade das relações e ordens econômicas, exigindo a reconstrução de arranjos entre convenções e normas para estabilizar as relações e sistemas econômicos.

Referências

Aspers, Patrik. (2009a). How are markets made? MPIfG Working Paper 09/2, Max Plank Institute for the Study of Societies. Disponível em https://www.mpifg.de/pu/workpap/wp09-2.pdf

Aspers, Patrik. (2009b). Knowledge and valuation in markets. Theory and Society, 31, 111-131. https://doi.org/10.1007/s11186-008-9078-9

Aspers, Patrik. (2006). Markets in fashion: a phenomenological approach. Routledge. https://doi.org/10.4324/9780203023747

Ballarino, Gabriele, & Regini, Marino. (2008). Convergent perspectives in economic sociology: an Italian view of contemporary developments in Western Europe and North America. Socio-Economic Review, 6(2), 337-363. https://doi.org/10.1093/ser/mwm020

Beamish, Thomas D. (2007). Economic Sociology in the next decade and beyond. American Behavioral Scientist, 50(8), 993-1014. https://doi.org/10.1177%2F0002764207299350

Beck, Ulrich. (2018). A metamorfose do mundo. Zahar.

Beckert, Jens. (2020). The exhausted futures of neoliberalism: from promissory legitimacy to social anomy. Journal of Cultural Economy, 13(3), 318-330. https://doi.org/10.1080/17530350.2019.1574867

Beckert, Jens. (2009). The social order of markets. Theory and Society, 38, 245-269. https://doi.org/10.1007/s11186-008-9082-0

Berger, Peter, & Luckmann, Thomas. (2014). A construção social da realidade. Vozes.

Bourdieu, Pierre. (2003). Las estructuras sociales de la economia. Anagrama.

Burroni, Luigi, & Scalise, Gemma. (2017). Quando gli attori contano. Agency, eredit`a storiche e istituzioni nei modelli di capitalismo. Stato e Mercato, 109(1), 133-172. https://doi.org/10.1425/86200

Burt, Ronald. (2004). Structural holes and good ideas. American Journal of Sociology, 110(2), 349-399. https://doi.org/10.1086/421787

Castells, Manuel. (2019). Outra economia é possível: cultura e economia em tempos de crise. Zahar.

De Vaan, Mathijs, Stark, David, & Vedres, Balazs. (2014). Game changer: topologia dela creatività. Stato e Mercato, 102(3), 307-340. https://doi.org/10.1425/78526

DiMaggio, Paul, & Powell, Walter. (2005). A gaiola de ferro revisitada: isomorfismo institucional e racionalidade coletiva nos campos organizacionais. Revista de Administração de Empresas – RAE, 45(2), 74-89.

Fligstein, Neil. (2015). What kind of re-imagining does economic sociology need? In Patrik Aspers & Nigel Dood (Eds.). Re-Imagining Economic Sociology (pp. 301-316). Oxford University Press.

Fligstein, Neil. (2006) Sense making and the emergence of a new form of market governance: the case of the european defense industry. American Behavioral Scientist, 49(7), 949-960. https://doi.org/10.1177%2F0002764205285174

Fligstein, Neil. (1996). Markets as politics: a political-cultural approach to Market institutions. American Sociological Review, 61(4), 656-673. http://dx.doi.org/10.2307/2096398

Fligstein, Neil, & McAdam, Doug. (2012). A theory of fields. Oxford University Press.

Giddens, Anthony. (2003). A constituição da sociedade. Martins Fontes.

Godechot, Olivier. (2015). Interpretar as redes sociais. In S. Paugan (Coord.), A pesquisa sociológica (pp. 270-289). Vozes.

Granovetter, Mark. (2009). Ação econômica e estrutura social: o problema da imersão. In Ana M. B. Martes (Org.). Redes e Sociologia Econômica (pp. 31-68). EdUFSCar.

Maillochon, Florence. (2015). Por que a análise das redes? In S. Paugan (Coord.), A pesquisa sociológica (pp. 156-170). Vozes.

Mizruchi, Mark. (2009). Análise de redes sociais: avanços recentes e controvérsias atuais. In Ana M. B. Martes (Org.). Redes e sociologia econômica (pp. 131-160). EdUFSCar.

Owen-Smith, Jason, & Powell, Walter. (2008). Networks and institutions. In R. Greenwood et al. (Eds), The handbook of organizational institutionalism (pp. 594-621). SAGE Publications.

Regini, Marino. (2014). Models of Capitalism and the Crisis Source. Stato e Mercato, 100(1), 21-44. http://dx.doi.org/10.1425/76468

Salas, Minor M. (2004). Hacia uma visión sociológica de la acción económica: desarrollos y desafios de la sociologia económica. Cuadernos de Ciencias Sociales (FLACSO), 9(24), 37-64.

Schluchter, Wolfgang. (2011). Paradoxos da modernidade: cultura e condita na teoria de Max Weber. Editora da UNESP.

Schutz, Alfred. (2012). Sobre fenomenologia e relações sociais. Vozes.

Smith-Doerr, Laurel, & Powell, Walter. (2005). Networks and economic life. In Neil Smelser & Richard Swedberg (Eds.). The handbook of economic sociology (pp. 279-402). Russell Sage Foundation.

Stark, David. (2020). The performance complex: competition and competitions in the social life. Oxford University Press.

Stark, David. (2009). The Sense of Dissonance. Princeton University Press.

Swedberg, Richard. (2005). Max Weber e a ideia de sociologia econômica. Editora da UFRJ.

Vedres, Balázs, & Stark, David. (2010). Dobras estruturais: ruptura generativa em grupos sobrepostos. RAE, 50(2), 215-240. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-75902010000200007

Weber, Max. (1999). Economia e sociedade. Editora da UnB.

Whitley, Richard. (2002). Developing innovative competences: the role of institutional frameworks. Industrial and Corporate Change, 11(3), 497-528. https://doi.org/10.1093/icc/11.3.497

Downloads

Publicado

09/01/2021

Como Citar

Garcia, S. R. (2021). Ação Social e Instituições Econômicas:: conquistas para a pesquisa sociológica. Revista Brasileira De Sociologia - RBS, 9(22), 145–168. https://doi.org/10.20336/rbs.799