Deslocamentos para trabalho e lazer

mobilidades, infraestrutura e segregação espacial em Fortaleza

Visualizações: 350

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20336/rbs.937

Palavras-chave:

cidade, mobilidade urbana, segregação, deslocamento casa-trabalho, lazer

Resumo

Neste artigo analisamos a mobilidade urbana de Fortaleza, Ceará, a partir dos deslocamentos para trabalho e lazer através de um survey realizado online em 2022 com 522 residentes da cidade e sua região metropolitana. O objetivo era entender como se dão os fluxos (origem/ destino) dos sujeitos e relacioná-los aos indicadores sociais, buscando compreender como a infraestrutura urbana disponível (incluindo o sistema de transportes e a oferta de vagas ou equipamentos) impactam nesses deslocamentos. A análise foi estratificada nas 12 Secretarias Executivas Regionais na qual a cidade está dividida e se percebeu diferenças significativas, criando a distinção entre a zona leste, dotada de melhor estrutura e o cinturão oeste-sul com maior vulnerabilidade, o que influencia as jornadas laborais e de lazer. No deslocamento para o trabalho, os usuários de automóveis particulares precisaram de menos tempo do que os do transporte público, e os bairros do leste foram os maiores destinos laborais, o que obriga aos residentes das periferias a longas jornadas diárias. Quanto ao usufruto do lazer no próprio bairro, a diferença entre leste e oeste chegou a 50 pontos percentuais, indicando menor oferta de equipamentos e menor frequência para estes residentes. Os locais de diversão mais frequentados estavam na zona leste e apesar dos residentes do lado oeste também os frequentarem, se concentraram principalmente em sua própria vizinhança. A segregação para o lazer também se deu dentro da periferia, com os residentes do sul não frequentando os espaços do oeste, apresentando uma cidade marcada por desigualdades e segregações.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Irapuan Peixoto Lima Filho, Universidade Federal do Ceará

Professor Adjunto do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará (UFC)

Referências

Accioly, Vera M. & Nogueira, Cleiton M.L. (2015). Região Metropolitana de Fortaleza: movimentos pendulares e configuração espacial (pp.283-304). In: M.C. L. Costa, & R. Pequeno (orgs.). Fortaleza: transformações na ordem urbana. Letra Capital/ Observatório das Metrópoles.

Aragão, Elizabeth F., Freitas, Geovani J., Santos, J. Bosco F., & Almeida, Rosemary O. (orgs.) (2008). Fortaleza e suas tramas: olhares sobre a cidade. EdUece.

Aragão, Elizabeth F., Lima Filho, Irapuan P., Moreira, Renato A.A. (orgs.) (2014). O Fiar e o Tecer: 130 anos de indústria Têxtil no Ceará. Sinditêxtil/ LCR.

Araújo, Amanda, & Lima, Paula (orgs.). (2022). Nossos bairros, nossa Fortaleza: mapeamento estatístico e afetivo da cidade. Fundação Demócrito Rocha.

Barreira, Irlys A.F. (2012). Praia de Iracema: usos, apropriações e narrativas de um bairro em Fortaleza (pp. 197-213). In: I. Barreira. Cidades Narradas: memória, representações e práticas de turismo. Pontes.

Barreira, Irlys A.F. (2019). Convivência e espaço público em Fortaleza: desafios da “mistura” e expansão de novas áreas de lazer. In: I. Barreira, & D. N. Gonçalves (orgs.). A cidade sob o chão do espaço público. Expressão Gráfica.

Certeau, Michael de (1996). A invenção do cotidiano: as artes de fazer. Vol. 1. 2 ed. Vozes.

Costa, M. Clélia L., & Amora, Zenilde B. (2015). Fortaleza na rede urbana brasileira: de cidade a metrópole (pp.31-75). In: M. C. L. Costa, & R. Pequeno (orgs.). Fortaleza: transformações na ordem urbana. Letra Capital/ Observatório das Metrópoles.

Costa, M. Clélia L., Pequeno, Renato, & Pinheiro, Valéria (orgs.) (2015). Fortaleza: os impactos da Copa do Mundo 2014. Expressão Gráfica/ Observatório das Metrópoles.

Duhau, Emilio, & Giglia, Ángela. (2016). Metrópoli, espacio público y consumo. Fondo de Cultura Económica.

Fortaleza, Prefeitura (s.d.). Territoriais: Área Edificada: Comercial/ Serviços. Fortaleza: Fortaleza em Mapas. http://mapas.fortaleza.ce.gov.br/#/ Consultado em set./2018.

Fortaleza, Prefeitura. (2022, 27 dez.). Fortaleza tem o maior PIB do Nordeste e o 11º maior do Brasil. https://www.fortaleza.ce.gov.br/noticias/fortaleza-tem-o-maior-pib-do-nordeste-e-o-11-maior-do-brasil

Fortaleza, Prefeitura (2023). Infraestrutura cicloviária. Mobilidade Urbana, Menu de Programas. https://mobilidade.fortaleza.ce.gov.br/menu-programas/malha-ciclovi%C3%A1ria.html

Fortaleza, Prefeitura. (2024). Lista de areninhas por regional. Canal Esporte e Lazer. https://esportelazer.fortaleza.ce.gov.br/areninhas/lista-de-areninhas-por-regional.html

Fortuna, Carlos (2009). Cidade e urbanidade. In: C. Fortuna, & R. P. Leite. (orgs.). Plural de cidade: novos léxicos urbanos. (pp.83-97). Amedina/ CES.

Frehse, Fraya. (2013). Os tempos (diferentes) do uso das praças da Sé em Lisboa e em São Paulo. In: C. Fortuna, & R. P. Leite. (orgs.). Diálogos Urbanos: territórios, culturas e patrimónios. (pp.127-173). Almedina/ CES.

Gehl, Jan. (2015). Cidade para pessoas. São Paulo: Perspectiva.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (s.d.). Fortaleza – Panorama. Cidades e Estados do Brasil. https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ce/fortaleza/panorama Consultado em fev./2024.

IPECE. Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (2021). Bairros e Regionais de Fortaleza 2021. Ceará em Mapas. Caracterização Territorial. http://www2.ipece.ce.gov.br/atlas/capitulo1/11/140x.htm Consultado em fev./2023.

IPLANFOR. Instituto de Planejamento de Fortaleza (2015). Revista Fortaleza 2040: Iniciando o diálogo por uma Fortaleza de oportunidades, mais justa, bem cuidada e acolhedora. 2 (1).

Harvey, David (2014). Cidades Rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana. Martins Fontes.

Jacobs, Jane (2022). Morte e vida de grandes cidades. 3 ed. WMF Martins Fontes.

Leite, Rogério P. (2009) Espaços públicos na pós-modernidade. In: C. Fortuna, & R. P. Leite (orgs.). Plural de cidade: novos léxicos urbanos. Almedina.

Lima, Lara S., Loureiro, C. Felipe G., Sousa, Francelino F. L. M., & Lopes, André S. (2021). Espraiamento urbano e seus impactos nas desigualdades socioespaciais da acessibilidade ao trabalho em Fortaleza. Transportes, 29 (1), 229-246.

Lima Filho, Irapuan P., & Rebouças, Giovanna F. (2019) Mobilidade urbana e ciclismo: o uso do sistema de bicicletas compartilhadas em Fortaleza. In: I. A. F. Barreira, & D. N. Gonçalves. (orgs.). A cidade sob o chão do espaço público. Expressão Gráfica.

Lima Filho, Irapuan P., Rebouças, Giovanna F., & Loureiro, Sol C. (2023) Deslocamento casa-trabalho: o uso dos modais e do tempo na cidade de Fortaleza. Cad. Metrop., 25 (57), 591-616. http://dx.doi.org/10.1590/2236-9996.2023-5710

Lefebvre, Henri. (2013). O Direito à Cidade. 5 ed. Centauro.

Maricato, Erminia. (2015). Para entender a crise urbana. Expressão Popular.

Oliveira, Francisco de (1993). Elegia para uma Re(li)gião: Sudene, Nordeste, planejamento e conflito de classes. 6 ed. Paz e Terra.

Park, Robert E. (1967). A cidade: sugestões para a investigação do comportamento humano no meio urbano. In: O. Velho (org.). O fenômeno urbano. (pp. 25-65). Guanabara.

Pequeno, Renato (2015). Condições de moradia e desigualdades socioespaciais: o caso de Fortaleza. In: M. C. L. Costa, & Pequeno (orgs.). Fortaleza: transformações na ordem urbana. (pp.238-281). Letra Capital/ Observatório das Metrópoles.

Pequeno, Renato et al. (2021). Direito à Cidade e Habitação: Condicionantes institucionais e normativas para a implementação de políticas (programas e projetos) de urbanização de favelas no Município de Fortaleza. Relatório de pesquisa PAC – Capacidade institucional e aparato normativo para implementação de políticas. Laboratório de Estudos em Habitação (LEHAB)/ UFC/ Observatório das Metrópoles – Núcleo Fortaleza.

Rolnik, Raquel. (2019). Guerra dos lugares: a colonização da terra e da moradia na era das finanças. 2 ed. Boitempo.

Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico. (2014). Índice de Desenvolvimento Humano por Bairro, em Fortaleza. Prefeitura de Fortaleza/ http://salasituacional.fortaleza.ce.gov.br:8081/acervo/documentById?id=22ef6ea5-8cd2-4f96-ad3c-8e0fd2c39c98

Simmel, Georg (1967). A metrópole e a vida mental. In: O. Velho. (org.). O fenômeno urbano. (pp. 10-23). Guanabara.

Soares, André. & Guth, Daniel. (orgs.) (2018). O Brasil que pedala: a cultura da bicicleta nas cidades pequenas. Jaguaratica/ Itaú Cultural.

Speck, Jeff. (2017). Cidade caminhável. Perspectiva.

Torres, Tatiane. (2019). Políticas públicas para bicicleta: análise comparativa entre as cidades de Fortaleza e Rio de Janeiro. In: M. F. Picanço, & V. Callil. (orgs.). Desafio: estudos de mobilidade por bicicletas, vol. 2. (pp.65-132). CEBRAP/ Itaú Unibanco.

Tosi, Marcela (2021, 3 nov.). Número de passageiros de ônibus em Fortaleza chega a 66% da demanda pré-pandemia. O Povo. https://www.opovo.com.br/noticias/fortaleza/2021/11/03/numero-de-passageiros-de-onibus-em-fortaleza-chega-a-66-da-demanda-pre-pandemia.html

UN. United Nations (2013). State of the World’s Cities 2012/2013: Prosperity of Cities. UN-Habitat/ Routledge.

Vieira, Lara. (2023, 11 set.). Como solicitar reparos em equipamentos de Academias ao Ar livre de Fortaleza. Jornal O Povo, Caderno Fortaleza. https://www.opovo.com.br/noticias/fortaleza/2023/09/11/como-solicitar-reparos-em-equipamentos-de-academias-ao-ar-livre-de-fortaleza.html

Weber, Max (2009). A dominação não-legítima: tipologia das cidades. In: Economia e Sociedade, vol. 2. (pp.408-517). Ed. UnB.

Downloads

Publicado

04/23/2024

Como Citar

Lima Filho, I. P. (2024). Deslocamentos para trabalho e lazer: mobilidades, infraestrutura e segregação espacial em Fortaleza. Revista Brasileira De Sociologia - RBS, 12, e-rbs.937. https://doi.org/10.20336/rbs.937

Edição

Seção

Artigos