Deslocando enquadramentos: coletivos de favelas em ação na pandemia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20336/rbs.839

Palavras-chave:

favelas, coronavírus, potência

Resumo

Este artigo descreve e analisar as múltiplas ações que moradores de favelas do Rio de Janeiro, através de suas organizações e coletivos, estão realizando no sentido de enfrentar os efeitos do novo coronavírus nesses territórios. Propomos pensar esse processo de articulação e mobilização no contexto pandêmico como produzindo deslocamentos dos sentidos historicamente atribuídos aos habitantes dessas localidades. Com isso, buscamos compreender como ações voltadas para doação de alimentos, comunicação comunitária, produção local de painéis informativos e outras iniciativas compõem um conjunto multifacetado de experiências que, de alguma forma, reivindicam e expressam as variadas potências de vida existentes nesses territórios.

Biografia do Autor

Sonia Fleury, Fundação Oswaldo Cruz

Doutora em Ciência Política, pesquisadora Sênior do Centro de Estudos Estratégicos (CEE/FIOCRUZ) e coordenadora do Dicionário de Favelas Marielle Franco do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/FIOCRUZ).

Palloma Menezes, Universidade Federal Fluminense

Doutora em Sociologia, professora do Departamento de Ciências Sociais da UFF e pesquisadora do ICICT/FIOCRUZ.

Alexandre Magalhães, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutor em Sociologia, professor do Departamento de Sociologia e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFRGS e pesquisador do ICICT/FIOCRUZ.

Referências

Araújo, Fábio, Mallart, Fábio, & Gaudenzi, Paula. (2020, 30 jun.). Contextualizar o desmonte é essencial. Le Monde Diplomatique Brasil. https://diplomatique.org.br/contextualizar-o-desmonte-e-essencial/

Arendt, Hannah. (1993). A Condição Humana (6. ed.). Editorial Forense Universitária.

Cefaï, Daniel. (2009). Como nos mobilizamos? A contribuição de uma abordagem pragmatista para a sociologia da ação coletiva. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, 2(4), 11-48.

Cefaï, Daniel. (2002). Qu’est-ce qu’une arène publique ? Quelques pistes pour une approche pragmatiste. In D. Cefaï & I. Joseph (dir.), L’héritage du pragmatisme. Conflits d’urbanité et épreuves de civisme (pp. 62-103). Editions de l’Aube.

Das, Veena. (2020, 1º jun.). Encarando a Covid-19: Meu lugar sem esperança ou desespero. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social (Reflexões na Pandemia 2020, texto 26). Disponível em: https://www.reflexpandemia.org/texto-26

D’andrea, Tiarajú P. (2013). A formação dos sujeitos periféricos: cultura e política na periferia de São Paulo [Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo]. https://doi.org/10.11606/T.8.2013.tde-18062013-095304

Doimo, Ana Maria. (1995). A vez e a voz do popular: movimentos sociais e participação política no Brasil pós-70. Relume-Dumará.

Feltran, Gabriel. (2011). Fronteiras de tensão: política e violência nas periferias de São Paulo (1. Ed.). Editora Unesp/CEM.

Fleury Sonia. (2011). Desigualdades Injustas: o contradireito à saúde. Psicologia e Sociedade, 23(spe), 45-52. https://doi.org/10.1590/S0102-71822011000400007

Fleury, Sonia. (2007). Pobreza, desigualdades ou exclusão? Ciência & Saúde Coletiva, 12(6), 1422-1425. https://doi.org/10.1590/S1413-81232007000600003

Fleury, Sonia, & Menezes, Palloma. (2020). Pandemia nas favelas: entre carências e potências. Saúde em Debate, 44(spe4), 267-280. https://doi.org/10.1590/0103-11042020E418

Freire, Jussara. (2016). Mobilizações coletivas e problemas púbicos em Nova Iguaçu. Rio de Janeiro: Garamond.

Freire, Lucas. (2019). A gestão da escassez: uma etnografia da administração de litígios de saúde em tempos de “crise” [Tese de Doutorado em Antropologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro].

Hirata, Daniel, Grillo, Carolina, & Dirk, Renato. (2020, 18 ago.). Apresentação ao relatório Efeitos da Medida Cautelar na ADPF 635 sobre as Operações Policiais na Região Metropolitana do RJ. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social Reflexões na Pandemia 2020, texto 57). Disponível em: https://www.reflexpandemia.org/texto-57

Honneth, Axel. (2003). Luta por reconhecimento. Editora 34.

Laclau, Ernest. (1977). Prólogo. In P. Anderson (Ed.), La cultura represiva. Elementos de la cultura britânica. Anagrama.

Landi, Oscar. (1981). Sobre lenguajes, identidades y ciudadanías políticas. In N. Lechner (Org.), Estado y Política en América Latina (pp. 172-198). Siglo XXI

Leeds, Anthony, & Leeds, Elizabeth. (1978). Sociologia do Brasil urbano. Zahar Editores.

Leite, Márcia P. (2020, 25 maio). Biopolítica da precariedade em tempos de pandemia. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, (Reflexões na Pandemia 2020, texto 23).

Machado da Silva, Luiz A. (2002). A continuidade do “problema da favela”. In L. Lippi (Org.), Cidade: história e desafios (pp. 220-237). Ed. FGV.

Machado da Silva, Luiz A., & Leite, Márcia P. (2004). Favelas e democracia: temas e problemas da ação coletiva nas favelas cariocas. In IBASE (Org.), Rio: a democracia vista de baixo (pp. 61-78). IBASE.

Magalhães, Alexandre. (2020). As periferias na pandemia: explicitação da política de precarização e de exposição à morte. Tessituras: Revista de Antropologia e Arqueologia, Pelotas, v. 8, p. 79-85.

Magalhães, Alexandre. (2019). Remoções de favelas no Rio Janeiro: entre formas de controle e resistências. Appris.

Mendonça, Ricardo F., & Simões, Paula G. (2012). Enquadramento: diferentes operacionalizações analíticas de um conceito. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 27(79), 187-235. https://doi.org/10.1590/S0102-69092012000200012

Menezes, Palloma V., Magalhães, Alexandre A., & Silva, Caíque A. F. (2021). Painéis comunitários: a disputa pela verdade da pandemia nas favelas cariocas. Horizontes Antropológicos, 27(59). https://doi.org/10.1590/S0104-71832021000100006

Menezes, Palloma, & Mano, Apoena. (2020). Sanitização comunitária, articulações e trocas de conhecimentos para “cuidar dos nossos”. Entrevista com Thiago Firmino, liderança da favela Santa Marta, Rio de Janeiro. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, (Reflexões na Pandemia 2020, texto 87).

Mbembe, Achille. (2016). Necropolítica. Arte & Ensaios, (32), 123-151.

Pestana, Marco M. (2016). A União dos Trabalhadores Favelados e a luta contra o controle negociado das favelas cariocas (1954-1964) (1. Ed.). Eduff.

Rocha, Lia. (2013). “Uma favela diferente das outras?” Rotina, silenciamento e ação coletiva na favela do Pereirão, Rio de Janeiro. Faperj; Ed. Quartet.

Sader, Eder S. (1988). Quando novos personagens entraram em cena: experiências, falas e lutas dos trabalhadores da Grande São Paulo (1970-80). Paz e Terra.

Schmidt, Vivien A. (2010). Taking ideas and discourse seriously: explaining change through discursive institutionalism as the fourth ‘new institutionalism. European Political Science Review, 2(1), 1-25. https://doi.org/10.1017/S175577390999021X

Schmidt, Vivien A. (2013). Arguing about the Eurozone crisis: a discursive institutionalist analysis. Critical Policy Studies, 7(4), 455-462.

Downloads

Publicado

12/31/2021

Como Citar

Fleury, S., Menezes, P., & Magalhães, A. (2021). Deslocando enquadramentos: coletivos de favelas em ação na pandemia. Revista Brasileira De Sociologia - RBS, 9(23), 256–279. https://doi.org/10.20336/rbs.839