Sociologia política do exílio: ativismo transnacional, redes militantes e perfis de exilados / Political sociology of exile: transnational activism, networks, and exile profiles
DOI:
https://doi.org/10.20336/rbs.599Resumo
O presente artigo analisa o exílio político como um tipo específico de ativismo transnacional. Reivindica uma sociologia política do exílio sintonizada com as teorias dos movimentos sociais e argumenta que o exílio político promove amplas transformações na rotina militante do exilado e se produz a partir de padrões diferenciados. O principal objetivo é discutir perfis dos exilados, suas modalidades de ação política, e as características e as dinâmicas das redes transnacionais construídas. Para tal fim, dois casos são analisados: o dos “exilados de elite” pela ditadura militar brasileira no Uruguai e o dos “exilados populares” de camponeses paraguaios no Brasil. O fenômeno busca ser apreendido, assim, a partir de ângulos distintos, tanto no tocante ao tipo de exilado como à direcionalidade do fluxo. Metodologicamente, a análise se baseia principalmente em documentação histórica, fontes secundárias e entrevistas a militantes.
Palavras-chave: exílio, ativismo transnacional, sociologia política, redes militantes, América Latina.
***
This article analyzes political exile as a specific type of international emigration and transnational activism. It claims for a political sociology of exile in dialogue with social movement studies and argues that political exile promotes wide transformations in the activist routine and is produced from different patterns. The main aim is to discuss profiles of exiles, their modalities of political action, and the characteristics and dynamics of their transnational networks. To this end, two cases are analyzed: that of “elite exiles” by the Brazilian military dictatorship in Uruguay and that of “popular exiles” of Paraguayan peasants in Brazil. Thus, this phenomenon seeks to be apprehended, through different angles, both with regard to the type of exile and the directionality of the flow. Methodologically, the analysis is based mainly on historical documentation, secondary sources and interviews with activists.
Keywords: exile, transnational activism, political sociology, activist networks, Latin America.
Referências
Armstrong, John (1976). Mobilized and Proletarian Diasporas. American Political Science Review, 70(2), 393-408.
Botelho, André (2019). O retorno da sociedade. Política e interpretações do Brasil. Petropolis, RJ: Vozes.
Bonjour, Saskia & Chauvin, Sébastien. (2018). Social class, migration policy, and migrant strategies. International Migration, 56(4), 5-18.
Bourdieu, Pierre. (1989). Les pouvoirs et leur reproduction. In: Pierre Bourdieu. La Noblesse d’État. Grandes écoles et esprit de corps. Paris: Minuit.
Brasil. (1964). Ato Institucional nº 1, de 09 de abril de 1964. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/AIT/ait-01-64.htm>.
Bringel, Breno. (2015). Social movements and contemporary modernity: internationalism and patterns of global contestation. In Breno Bringel & José Mauricio Domingues (eds.) Global modernity and social contestation. (pp. 122-138) Londres, California, Nova Deli: Sage.
Bringel, Breno. (2011a). A busca de uma nova agenda de pesquisa sobre os movimentos sociais e o confronto político: diálogos com Sidney Tarrow. Política & Sociedade, 10(18), p.51-73.
Bringel, Breno. (2011b). Ativismo transnacional, o estudo dos movimentos sociais e as novas geografias pós-coloniais. Estudos de Sociologia, 16(2), 185-215.
Bringel, Breno & Echart, Enara (2010). Dez anos de Seattle, o movimento antiglobalização e a ação coletiva transnacional. Ciências Sociais Unisinos,46(1), 28-36.
Carballo, Marta, Echart, Enara & Villareal, María. (2019). El enfoque de sistemas migratórios revisitado. Una propuesta teórica para el estudio del sistema migratorio de América Latina y el Caribe. REMHU, Revista Interdisciplinar de Mobilidade Humana, 27(57), 79-100.
Cavalcanti, Leonardo; Oliveira, Márcio (2018). O tema das migrações internacionais na sociologia no Brasil. Revista Brasileira de Sociologia, 6(12), 88-113.
Cervelló, Josep Sánchez & Tapia, Alberto Reig. (eds.) (2016). Exilios en el mundo contemporâneo: vida y destino. Tarragona, México D.F.: Universitat Rovira i Virgili & Universidad Autónoma de la Ciudad de México.
Chávez, Daniel Córdoba. (2018). (In)visibilidad y resistencia: ciudadanías clandestinas y activismo migrante transnacional. Relaciones Internacionales, 39, 205-226.
Della Porta, Donatella. (2005). Multiple belongings, tolerant identities and the construction of ‘another politics’. In Donatella Della Porta & Sidney Tarrow (eds.) Transnational protest and global activism (pp. 175-202). Lanham, MD: Rowman and Littlefield.
Dufoix, Stéphane. (2002). Politiques d’exil. Paris: Presses Universitaires de France.
Edelman, Marc. (2017). Activistas empedernidos e intelectuales comprometidos: ensayos sobre movimentos sociales, derechos humanos y estudios latinoamericanos. Quito: Editorial IAEN.
Feldman-Bianco, Bela, Sanjurjo, Liliana, Azevedo, Desirée & Mansur da Silva, Douglas. (2018). Migração e exílio. São Carlos: EdUFSCar & Editora UFV.
Ferreira, Jorge. (2016). Nacionalismo, democracia e reformas: as ideias políticas de Leonel Brizola (1961-1964). In Américo Freire & Jorge Ferreira. A razão indignada: Leonel Brizola em dois tempos (1961-1964 e 1979-2004). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Fillieule, Olivier. (2001). Post scriptum: Propositions por une analyse processuelle de l’engagement individual. Revue Française de Science Politique, 51(1-2), 199-215.
Grojean, Olivier. (2015). Politique d’exil : les mobilisations des Kurdes d’Europe. In Jean-Paul Chagnollaud, J. (dir.). Communautés en exil: Arméniens, Kurdes et Chrétiens d’Orient em territoires franciliens. Paris: L’Harmattan.
Heindl, Brett. (2012). Transnational activism in ethnic diasporas: insights from Cuban exiles, American Jews and Irish Americans. Journal of Ethnic and Migration Studies, 39(3), 463-482.
Jubilut, Liliana. (2007). O Direito Internacional dos refugiados e sua aplicação no ordenamento jurídico brasileiro. São Paulo: Método.
Kaminsky, Amy. (2009). After exile: writing the Latin American diaspora. Minneapolis: University of Minnesota Press.
Marques, Teresa. (2017). O exílio e as transformações dos repertórios de ação coletiva: a esquerda brasileira no Chile e na França (1968-1979). Dados, 60(1), 239-279.
Marques, Teresa. (2006). Ditadura, exílio e oposição: os exilados brasileiros no Uruguai (1964-1968). (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT.
McAdam, Doug & Paulsen, Ronald. (1993). Specifying the relationship between social ties and activism. American Journal of Sociology, 99(3), 640-667.
Miller, Kenneth, Worthington, Gregory J., Muzurovic, Jasmina, Tipping, Susannah & Goldman, Allison. (2002). Bosnian refugees and the stressors of exile. American Journal of Ortopsychiatry, 72(3), 341-354.
Mische, Anne. (2003). Cross-talk in movements: reconceiving the culture-networking. In Mario Diani & Doug McAdam (eds.). Social movements and networks: relational approaches to collective action. Nova York: Oxford University Press.
Moreira, Júlia. (2010). Redemocratização e direitos humanos: a política para refugiados no Brasil. Revista Brasileira de Política Internacional, 53(1), 111-129.
Morissawa, Mitsue. (2001). A história da luta pela terra e o MST. São Paulo: Expressão Popular.
Nash, Kate. (2010). Contemporary political sociology: globalization, politics, and power. Oxford: Wiley-Blackwell.
Perissinotto, Renato & Codato, Adriano. (2009). Classe social, elite política e elite de classe: por uma análise societalista da política. Revista Brasileira de Ciência Política, 2, 243-270.
Phillips, Dom. (2019). New generation of political exiles leave Bolsonaro’s Brazil “to stay alive”. The Guardian. 11 jul. 2019. Disponível em: https://www.theguardian.com/world/2019/jul/11/brazil-political-exiles-bolsonaro
Rebello, Gilson. (1980). A guerrilha do Caparaó. São Paulo: Alfa-Ômega.
Rollemberg, Denise. (1999). Exílio: entre raízes e radares. Rio de Janeiro: Record.
Roniger, Luis. (2011). Destierro y exilio en América Latina: un campo de estudio transnacional e histórico em expansión. Pacarina del Sur – Revista de Pensamiento Crítico Latinoamericano, 9 [online].
Roniger, Luis. (2010). Exílio massivo, inclusão e exclusão política no século XX. Dados,53(1), 91-124.
Said, Edward. (2003). Reflexões sobre o exílio e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras.
Scherer-Warren, Ilse (2015). Desafios para uma sociologia política brasileira: o elo entre movimentos e instituições. Sociologias, 17(38), 44-62.
Shain, Yossi. (1989). The frontier of loyalty: political exiles in the age of Nation-States. Middletown: Wesleyen University Press.
Sheffer, Gabriel. (1986). Modern diasporas in international politics. Londres: Croom Helm.
Silva, César. (2015). A política migratória brasileira para refugiados (1998-2014). Curitiba: Ithala.
Siméant, Johanna. (1998). La cause des sans-papiers. Paris: Presses de Sciences Politiques.
Simpson, John. (1995). The Oxford book of exile. Oxford: Oxford University Press, 1995.
Sznajder, Mario & Roniger, Luis. (2009). The politics of exile in Latin America. Nova York: Cambridge University Press.
Tarrow, Sidney. (2005). The new transnational activism. Cambridge: Cambridge University Press.
Tavares, Flávio. (1999). Memórias do esquecimento. São Paulo: Globo.
Tilly, Charles & Tarrow, Sidney. (2008). Politique(s) du conflit: de la grève à la révolution. Paris: Presses de Sciences Po.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
